quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Sem 'desastre' à vista, mercado de trabalho deve dar sinais positivos no 2º semestre

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Construção civil mantém estabilidade na criação de vagas no mercado de trabalho do país, tendência também no segundo semestre

O mercado de trabalho manteve-se estável no primeiro semestre. A criação de empregos não aumentou, mas o desemprego também não cresceu devido à pequena entrada de pessoas no mercado. Na sequência dessa análise, os técnicos da Fundação Seade e do Dieese esperam uma segunda metade do ano um pouco melhor, com tendência de redução das taxas, talvez em ritmo menor em relação a anos anteriores. Talvez “de forma mais amena, como o papa recomendou”, diz o coordenador de análise do Seade, Alexandre Loloian. A taxa média teve leve recuo em junho, para 10,9%. Em São Paulo, foi a 11,3%.
Nas sete áreas pesquisadas (Distrito Federal mais regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo), a ocupação praticamente não sai do lugar há quatro meses. De maio para junho, cresceu 0,3% – em igual período de 2012, subiu 1,8%. No caso de São Paulo, são dois meses de lenta recuperação, como diz Loloian, após quatro meses em queda. Em qualquer situação, o desemprego não aumentou – ou até recuou levemente – porque a PEA (população economicamente ativa) também permaneceu estável.
Em junho, por exemplo, a PEA variou 0,1%, uma situação de estabilidade, correspondente à entrada de 22 mil pessoas num mercado que criou 71 mil postos de trabalho (alta de 0,4%), fazendo o número de desempregados recuar em 48 mil (-1,9%). Na comparação anual, a PEA cresceu 0,6% (acréscimo de 125 mil), enquanto foram criadas 52 mil vagas (0,3%). Com isso, o total de desempregados aumentou em 73 mil (3,1%), chegando a 2,424 milhões.
Quanto ao resultado do mês, Loloian afirma que não foi “nem boa nem má notícia, é um junho de um ano complicado”. Mas acrescenta, a respeito do segundo semestre: “Nada anuncia um desastre”. Segundo ele, “a tendência daqui para a frente é que a ocupação cresça um pouco, e é de se esperar que a PEA também se amplie”.
O técnico observa, no entanto, que em junho a taxa de desemprego costuma cair porque a ocupação cresce. Neste ano, isso aconteceu mais pela estabilidade da PEA, que no caso de São Paulo correspondeu a um acréscimo de 8 mil pessoas no mês – quase nada em um universo de 10,8 milhões e de 9,6 milhões de ocupados. “As sinalizações (da economia) são percebidas mais rapidamente”, diz o coordenador do Seade. Assim, dependendo das notícias, as pessoas esperam mais para voltar a buscar emprego.
Um indicador desse fenômeno é o da chamada taxa de participação – relação das pessoas economicamente ativas (PEA) dentro da população em idade ativa (PIA) –, relativamente baixa. Em São Paulo, essa taxa se mantém na casa dos 62% há cinco meses. Nos dez anos anteriores, ficou entre 63% e 64%.
Dos 71 mil empregos criados no mês passado nas sete áreas, 31 mil foram no setor de serviços, 24 mil na indústria de transformação e 21 mil no comércio e reparação de veículos. A construção ficou praticamente estável (5 mil). Na comparação com junho de 2012, de um saldo de 52 mil vagas abertas só houve crescimento no comércio (124 mil) e nos serviços (57 mil). Indústria (-118 mil) e construção (-11 mil) fecharam postos de trabalho.
O mercado segue sua tendência de formalização, lembra a economista Ana Maria Belavenuto, do Dieese. O emprego com carteira assinada cresceu 0,5% no mês (48 mil a mais) e 2,7% em 12 meses (acréscimo de 264 mil). Dos estimados 19,719 milhões de ocupados, 10,043 milhões são formalizados. O emprego autônomo aumentou 1% em 12 meses (32 mil) e soma 3,4 milhões, enquanto o serviço doméstico recuou 6,6% na mesma base de comparação (menos 93 mil), mas ainda concentra 1,3 milhão de pessoas.
Para Ana Maria, as medidas de desoneração do governo não fizeram crescer o emprego, mas ajudaram a manter postos de trabalho.
fonte:RBA

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