Novas mensagens revelam que o atual Ministro da Justiça participava de reuniões para definir detalhes das operações
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“Russo deferiu uma busca que não foi pedida por ninguém…hahahah. Kkkkk”, escreveu o delegado Luciano Flores em referência à Sérgio Moro / Agência Brasil |
Novas mensagens divulgadas na madrugada deste sábado (19) pelo The Intercept Brasil revelam como Sérgio Moro, então juiz e atual Ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, atuou muito além da conspiração com procuradores da força tarefa Lava Jato. Segundo o portal de notícias, as mensagens indicam que Moro chegou a ordenar mandados de busca e apreensão na casa de suspeitos sem que houvesse a solicitação do Ministério Público Federal (MPF), o que se configuraria como uma ilegalidade.
A atitude do então juiz chegou a chocar os delegados envolvidos na Operação Lava Jato. "Russo deferiu uma busca que não foi pedida por ninguém…hahahah. Kkkkk", diz a mensagem de Luciano Flores, delegado da PF alocado na Lava Jato, se referindo a Sérgio Moro pelo apelido usado por procuradores e delegados. “Como assim?!”, pergunta em seguida Renata Rodrigues, a delegada da Polícia Federal, e Flores responde: "Normal… deixa quieto…Vou ajeitar…kkkk".
Os diálogos explicitam como o atual Ministro da Justiça orquestrava o planejamento das operações, direcionando até quais materiais e provas deveriam ser apreendidos, violando o sistema acusatório de tal forma a condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em uma conversa realizada no dia 4 de março de 2016, o delegado Márcio Anselmo pergunta no grupo "Amigo Secreto" se deveria aprender "as caixas do sindicato". Em resposta, o procurador Roberson Pozzobon, membro da força tarefa Lava Jato, aponta o que Sérgio Moro teria solicitado. Diz ele: "Moro pediu parcimônia nessa apreensão. Acho que vale a pena ver exatamente o que vamos apreender". Em seguida, Anselmo responde "aguardo decisão de vocês".
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As mensagens divulgadas na Parte 22 da Vaza Jato apontam que Moro atuava com os delegados da Polícia Federal desde o início da força tarefa da mesma maneira como articulava com os procuradores. Segundo as informações divulgadas pelo The Intercept Brasil, no período entre 2015 e 2016, foram encontradas nove referências a encontros entre Sérgio Moro e delegados da Polícia Federal, demonstrando que as reuniões para detalhar ações da Lava Jato eram comuns.
Em 23 de outubro de 2015, a delegada da Polícia Federal, Erika Mialik Marena, indica que foi orientada por Sérgio Moro a esperar para protocolar uma planilha que descreveria pagamentos envolvendo políticos. "Oi Athayde, o russo tinha dito pra não ter pressa pra eprocar isso, dai coloquei na contracapa dos autos e acabei esquecendo de eprocar… Vou fazer isso logo", diz.
O relacionamento envolvendo procuradores e delegados com o ex-juiz demonstram como arbitrariedades contra direitos constitucionais eram realizadas de forma corriqueira, sem constrangimento por nenhuma das partes.
Delação JBS
No início dessa semana, o portal de notícias revelou outras mensagens pela série Vaza Jato. Os diálogos divulgados na segunda-feira (14) mostram que procuradores da operação Lava Jato programaram a divulgação de uma denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para distrair a população de um caso envolvendo o então Michel Temer (MDB) e a equipe do procurador-geral da República (PGR) à época, Rodrigo Janot.
“Quem sabe não seja hora de soltar a denúncia do Lula. Assim criamos alguma coisa até o laudo”. Após Deltan Dallagnol, chefe da força tarefa considerar a viabilidade do plano, Santos Lima comemorou: “vamos criar distração e mostrar serviço”. Segundo Dallagnol, caso divulgassem a acusação contra Lula naquele momento, ela seria “engolida pelos novos fatos” envolvendo Temer.
fonte:Brasil de Fato
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