domingo, 4 de julho de 2021

Número de óbitos trabalhadores/as da educação aumenta 128%, aponta pesquisa do Dieese



De acordo com uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, DIEESE, as mortes dobraram no setor de educação, sendo o quarto com maior registro de contratos formais extintos devido ao falecimento de trabalhadores/as. No total foram 1.479, os desligamentos por morte entre janeiro e abril de 2021. Só nos primeiros quatro meses de 2021, a quantidade de fim de contrato de trabalhadores/as por morte no Brasil aumentou 89%, saindo de 18.580 para 35.125.

De acordo com Evandro Accadrolli, Secretário de Saúde do Trabalhador do Sinte, há mais de nove meses as vacinas estão disponíveis para o mundo, porém o Brasil continua enfrentando problemas no que tange a imunização da sua população. “Os problemas que estamos enfrentando foram ocasionados pelo Governo Federal, que transformou ao longo dos últimos meses a falta de vacinas em mortes ocasionadas pela covid-19. Isso levou a óbito milhares de trabalhadores, incluindo os trabalhadores da educação”, salienta o secretário.

Segundo a pesquisa, os vínculos de trabalho encerrados por mortes em 2021, entre professores/as e coordenadores/as, entre outras funções escolares, foi de 612 e dos trabalhadores/as dos serviços, que apoiam as atividades dos/as profªs: faxineiros/as, porteiros/as, zeladores/as e cozinheiros/as, foi de 263.

Ainda não é possível fazer um panorama das mortes dos professores catarinenses, uma vez que não existem dados divulgados sobre as mortes no estado. O Sinte segue em vigilância e já solicitou para a Secretaria de Educação os dados, mas ainda não recebeu resposta.

Para Maurício Mulinari, economista do DIEESE, o contexto da pandemia agravou o quadro de saúde da classe trabalhadora no Brasil. “O país e também Santa Catarina, antes mesmo dos efeitos da pandemia, já era um dos campeões mundiais em adoecimento e mortes provocados por conta do trabalho. Tanto doenças físicas, como LER e DORT, quanto doenças psicológicas - as que relativamente mais cresceram na última década -, vêm crescendo assustadoramente em função da elevação constante da jornada e carga de trabalho, assim como pela piora sistemática das condições de emprego”.

Ainda conforme o economista, no caso da pandemia, no primeiro quadrimestre de 2021, cresceu em 143% o número de afastamento de profissionais da educação por morte em Santa Catarina. “O quadro tem relação direta com o desastre do combate à pandemia nesse início de ano em todos os âmbitos de governo, especialmente o federal com Bolsonaro. Também contribui para essa péssima estatística a pressão pelo retorno às aulas presenciais sem qualquer condições sanitárias que verificamos no início do ano. Por conta disso, a organização dos trabalhadores em luta para ampliar a campanha de vacinação e, ao mesmo tempo, melhorar as condições de trabalho e remuneração da categoria dos trabalhadores da educação é tarefa incontornável para reduzirmos essa situação lastimável.”, salienta Maurício.

Vale lembrar que a vacinação dos trabalhadores na educação, foi uma conquista pleiteada pelo Sinte, que lutou desde o primeiro dia de pandemia para que todos os trabalhadores/as fossem imunizados.

Continuamos vigilantes e atentos, para fazer justiça pelos colegas que aqui não se encontram mais e para salvar a vida de todas as pessoas.

Fonte: Sinte SC

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