quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Eu vi! E eles jogam demais!

E assim foi Grêmio 2, Cruzeiro 1.

Momentos anteriores de Marco Antônio carimbar a trave. Foto: Maciel Cover


PORTO ALEGRE. (06/10/2012). É diferente de olhar na TV. É mais emocionante. De repente eu estava ali a poucos metros dos caras que jogam e no meio da torcida que grita o tempo todo. Minhas noções de futebol profissional construídas a partir do olho na TV e ouvido na Gaúcha eram limitadas e fantasiosas. Por que de perto o time do Grêmio joga mais, bem mais.

A saída de bola foi do time do Grêmio. A bola vai veloz e gruda no pé dos jogadores. Antes da chuva o Grêmio agride, sobe organizado. Do meio a bola vai pros laterais que devolvem pro meio. E numa dessas Kleber não tocou, driblou um cara e sofreu falta. Elano bateu com balaca, num estilo piá metido. Mas ele pode, joga um bolão e na hora de falar é humilde. Bom, ali Fábio fez a primeira grande defesa. E o Zé Roberto já correu pra cobrar o escanteio.  É tudo muito rápido e não tem replay.

E o Grêmio dominava o jogo. Ai começou a chover. O retrancado time do Cruzeiro foi pra cima, Anselmo Ramon chutou da entrada da área, a bola resbalou no chão e subiu! Pronto, foi gol. No estádio dava pra ouvir apenas o barulho das trovejadas e da geral, que continuou a cantar.

O volume de jogo não mudou. A bola fica na maioria do tempo de posse gaúcha. E de passe em passe o Grêmio chegava na cabeça de André Lima, e ia pra linha de fundo, espalmada por Fábio.  E no escanteio Souza deu a cabeçada a queima roupa e Fábio encaixou. O goleiro do Cruzeiro foi o cara do primeiro tempo. E o esquema cauteloso do professor Celso se mostrava eficiente.

Quando o Elano se machucou e saiu para entrar o Marquinhos começou a chover mais. A chuva foi passando mas a minha desconfiança no camisa 19 era a mesma. Será que esse cara tem café no bule para jogar no Grêmio? Bendita desconfiança! Bem aventurado Marquinhos!

Na volta do segundo tempo os microfones do Estádio Olímpico anunciam: entra Leandro no lugar de Zé Roberto. As esperanças iam diminuindo. Dos 22 que estavam em campo, e talvez dos 220 titulares entre todos os times do Brasileirão, não existe alguém da qualidade técnica do Zé Roberto. O cara é demais! Tá sempre no lugar certo e não erra passes.

O Grêmio começa bem o segundo tempo. Pressiona. Arrisca. Dribla. Briga. Chuta. Marquinhos cruza na área. A zaga tira. Leandro dribla na entrada da área. Sofre falta. Barreira formada. Marco Antonio bate na bola como uma declamação, porém o texto era de tragédia, a bola em tons poéticos e líricos, beijou a trave e saiu pela linha de fundo.

O cenário tinha tudo pra dar errado. O Grêmio dominava o jogo, e na hora das finalizações ou era o goleiro, ou era a trave, ou faltava um centímetro. E a bola não entrava.

Até que Luxa, o velho Luxa, saca o André Lima e manda pra campo o último coelho da cartola, El Marcelo Moreno. O boliviano joga demais. Sabe dominar, ganha a frente dos zagueiros, protege e faz o pivô. E o ataque que antes tinha um gladiador na ativa e um guerreiro imortal e parado andrelimamente, agora tem um gladiador que protege e toca pra Marco Antonio, que dessa vez proclama a bola como um Zé Roberto, e derrepente Marcelo Moreno já estava na cara do gol e os 30 mil gremistas já estavam todos de pé apreensivos e até os quero-queros na beira do gramado pararam por dois segundos pra ver o Moreno encobrir o Fábio e empatar o jogo. Ai já era!
Marcelo Moreno comemora com Leandro e Marquinhos. Foto: Lucas Uebel


O clima no estádio mudou mais com o gol do Moreno, do que propriamente com a parada da chuva ainda no intervalo. Era uma questão de poucos minutos pra virar.


O Grêmio continuou agressivo, sempre no campo de ataque. E a cautela excessiva de Celso Roth ajudou o tricolor. Sacou dois atacantes e colocou dois homens de defesa. Chamou ainda mais o Grêmio pra cima, que foi, e que aos trinta e três minutos, Marcelo Moreno driblou, retornou a bola pro Pará que viu o Leandro no flanco. E Leandro driblou o sentinela cruzeirense, penetrou na área raposeira, meteu um balaço que Fábio espalmou no pé de Marquinhos, que vinha em alta velocidade e se jogou para virar o jogo. Marquinhos mereceu. Jogou demais. Marcou, correu, fez faltas, cobrou faltas, laterais e por fim o gol. Me convenceu!

Marquinhos comemora o gol da virada. Foto: Lucas Uebel.

E a avalanche caiu. E o estádio explodiu em alegria. E fazia-se justiça. O time que melhor jogava agora também estava com vantagem numérica no placar.

Nos últimos dez minutos do jogo o Cruzeiro tentou atacar. Os jogadores do Grêmio mais cansados e agora satisfeitos,  diminuíram o ritmo do jogo. Mas com todos os volantes do Celso em campo, a Raposa não levava perigo, a não ser um chute no final do jogo, de fora da área, para Marcelo Grohe encaixar.

Os 30 mil torcedores que vieram em peregrinação em caravanas dos mais variados rincões do Rio Grande e do Brasil como de São Miguel do Oeste/SC, de Blumenau e Floripa,  de Marechal Cândido Rondon/PR, de Vitória/ES e até de Campina Grande/PB viram um time que luta até o final. Dois laterais firmes. Um meio de campo e um ataque brigador e afinado e um Luxemburgo que mais uma vez mexeu no time e no placar.

 A alma do Velho Casarão Olimpico faz pequenos Leandrinhos e Marquinhos se agigantarem.

Justiça era uns 4 a 0 pro Grêmio. Mas o futebol não é justo, o futebol é futebol.  Justiça seria esse super time ser campeão, nos dá esperanças! Mas futebol é futebol!


   Por @macielcover
   Veja a felicidade dessa criança ao conhecer o Estádio Olímpico e ver seu time vencer.



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