quarta-feira, 10 de março de 2021

Santa Catarina e a inércia das autoridades ao colapso hospitalar




Depois de praticamente um ano do início da pandemia de COVID-19, Santa Catarina está no pior momento (até agora) desse enfrentamento. Justamente quando deveríamos saber o que fazer, quando e como fazer, para conter a disseminação do vírus, vimos o Estado e o País em colapso no sistema hospitalar, sem previsão de vacinas para atender a população.

Desde o início da pandemia, as autoridades não souberam determinar medidas eficazes, muito menos conscientizar a população sobre a real gravidade da infecção e suas consequências. De modo que a ideia de que tudo poderia voltar a ser “normal” foi criando força, cada vez mais adeptos, enquanto as restrições foram relaxadas. Isso é fato: A população que não vê suas lideranças usando máscaras, tomando medidas necessárias, respeitando protocolos científicos, acaba por entender que deve reproduzir o exemplo.

Essas atitudes negacionistas estão nos custando muito caro. O alto preço são as inúmeras vidas perdidas: Até hoje, 10 de março de 2021, contabilizamos mais de 8 mil óbitos, somente em Santa Catarina. No País, somam mais 268 mil vidas ceifadas pela Covid-19. Como consequência, estamos diante de gravíssimo quadro de falta de leitos de UTI e com demanda para atendimento maior que o sistema hospitalar, como um todo, pode absorver. Faltam espaços para receber tantas pessoas que buscam atendimento, faltam profissionais, insumos e medicamentos. Os estoques de sangue estão cada vez mais escassos, sem falar da demanda que provém de outras doenças. O colapso é total. Pessoas morrem por falta de leitos, enquanto famílias sentem-se abandonadas ao sofrimento e à própria sorte!

Quem acompanha o panorama está perplexo, pois sabe que, mesmo mantendo isolamento, a alta taxa de transmissão pode atingi-lo. Se não for o Coronavírus, há possibilidade de sofrer algum problema de saúde que demande atendimento hospitalar, sem vaga para internação. Vale dizer ainda que, diante desse cenário caótico, melhor dizendo, apesar dele, o governo do Estado tem a audácia, para não dizer irresponsabilidade, de, através da Procuradoria Geral do Estado (PGE/SC), ir à Justiça contra o movimento das(os) trabalhadoras(es) em educação, que, num gesto de salvaguardar suas vidas, dos estudantes e de seus familiares, decidiram, ontem (08/03), em Assembleia Estadual do SINTE-SC, manter trabalho em atendimento aos estudantes, de forma remota, na forma já oferecida em 2020.

Percebam que não se trata de reivindicação salarial, que seria legítima, já que o magistério está, há mais de dois anos, sem reajuste. O que trabalhadoras e trabalhadores em educação querem é apenas o direito de realizar suas atividades escolares, pelo sistema online. Esse movimento não pode ser considerado ilegal, pois a própria Constituição Federal, em seu Artigo 7, prevê “redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”. Na mesma “Constituição Cidadã”, artigo 196, consta: “Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

A justificativa do governo do Estado, de que o retorno das aulas presenciais estão seguras, devido ao estabelecido no Plancon-Edu, não se sustenta, primeiramente, porque o retorno não estava previsto em situação Grave e Gravíssima, forma em que se encontra o Estado de Santa Catarina, há mais de duas semanas. Além da gravidade da pandemia, temos a confirmação de uma variante mais contagiosa (P.1), que tem acometido pessoas mais jovens, inclusive, crianças que já foram a óbito. Ainda, as condições estruturais da maioria das escolas não possibilitam a observância e execução de todas as normas e medidas para conter a proliferação do Coronavírus, tornando a escola, local potencial de risco, não somente à comunidade escolar, mas para toda sociedade.

Pelo fechamento das escolas e pelas aulas remotas, pela restrição de todas as atividades que envolvam a aglomeração de pessoas, enquanto não houver vacina! Pela vida e saúde de todos e todas! Vacina para todos já!

Sinte-SC pela vida!

SECRETARIA DE SAÚDE DOS/AS TRABALHADORES/AS DO SINTE SC

Fonte: Sinte - SC

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