quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Padre Pedro: “Precisamos debater a água fora dos períodos de estiagem”



Parlamentar destacou preocupação com estiagem prolongada e afirmou que sem medidas de médio e longo prazo, Estado enfrentará períodos de escassez com mais frequência

O deputado Padre Pedro Baldissera (PT) manifestou preocupação com a estiagem prolongada que atinge o Estado, na tarde desta quarta-feira (21), no plenário da Assembleia Legislativa. O parlamentar destacou que além do abastecimento da população, pode ser comprometido o plantio de diversos produtos, tanto pela agricultura familiar e camponesa quanto para o agronegócio.

“São três meses com precipitações muito inferiores às médias históricas, como aponta a Epagri. Além disso, temos rios importantes que estão, novamente, em regime hídrico extremo. Isso não pode ser debatido apenas quando acontece a estiagem”, afirmou Padre Pedro, destacando a necessidade do Estado debater com mais profundidade medidas de médio e longo prazo, voltadas à preservação da água.

O deputado criou, em 2003, o Fórum Parlamentar para Preservação do Aquífero Guarani e das Águas Superficiais. Até hoje o Fórum realiza, todos os anos, ações e eventos voltados ao debate ambiental e da preservação da água. Neste ano, uma série de debates intitulada “Sociedade e Meio Ambiente” reúne pesquisadores e comunidades, em todas as regiões catarinenses.

“Nós temos diálogos e debates com pesquisadores envolvidos no tema da água há mais de uma década e chama a atenção que as previsões que eles fizeram para 2025 estão se concretizando muito antes. Portanto, a escassez de água, assim como outras ameaças, estão longe de um debate ideológico. Elas precisam ser, neste momento, foco da ciência, da racionalidade e de ações objetivas”, defendeu.

Entre os pesquisadores citados pelo parlamentar, nos quais o Fórum do Aquífero Guarani baseia sua abordagem, está o professor Dr. Luiz Fernando Scheibe, que coordena o projeto Rede Guarani/Serra Geral. Na avaliação do professor, há um quadro de mudança climática global, com alta possibilidade de aumento na frequencia e intensidade de situações de crise hídrica.

Santa Catarina é uma região privilegiada em termos de disponibilidade hídrica. Além disso, temos um regime de chuvas bem distribuídas. Contudo, todos os anos enfrentamos graves problemas com eventos extremos ou com estiagens e, em muitas regiões, a escassez só é resolvida com a perfuração de poços artesianos, muitas vezes feita de forma incorreta e abrindo a possibilidade de contaminação das águas subterrâneas.

O desmatamento na região da Amazônia, por outro lado, é uma das questões que mais preocupa os pesquisadores, já que é a floresta a principal responsável pelo volume de precipitações nas regiões Sul e Sudeste do país. Atingir a Amazônia é, de certa forma, atingir as populações e toda agricultura do Sul, Sudeste e Centro Oeste.

“O mundo precisa debater o tema da água com racionalidade, pensando em conscientização, uma cultura de preservação e tecnologias desde a preservação dos mananciais até o reaproveitamento da água. E isso inclui Santa Catarina também debater este tema para além das estiagens ou eventos extremos”, complementou Padre Pedro.

Fonte: Alesc

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