terça-feira, 27 de outubro de 2020

Por que a redução dos combustíveis nas refinarias não deve chegar ao consumidor?


Sempre que o preço aumenta nas refinarias, o consumidor sente no bolso. Mas e quando a Petrobras abaixa os preços? - Créditos da foto: Reprodução


A Petrobras divulgou, nesta segunda-feira (26), novos reajustes para o preço dos combustíveis em suas refinarias, que entraram em vigor nesta terça-feira (27): a gasolina apresentou uma redução de 5%, enquanto o diesel, de 4%. 

O preço da gasolina nas refinarias deve cair até R$ 0,09 por litro, chegando a R$ 1,66 por litro. Quanto ao diesel, a redução de 4,0% representou R$ 0,07 por litro a menos por litro, totalizando R$ 1,69 por litro. 

Mas a redução de preço vai chegar ao consumidor? Segundo William Nozaki, diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep), não necessariamente a redução significa um impacto positivo na bomba do posto de gasolina para o consumidor, “porque nem sempre as distribuidoras repassam essa redução para o preço final”. 


Tem muita concentração de propriedade de gasolina ou cartel para combinar preço. 

Nozaki explica que, na prática, a queda representa uma melhora na margem de lucro das distribuidoras. “Todas as vezes que a Petrobras aumenta o preço dos combustíveis nas refinarias, as distribuidoras repassam para o consumidor na bomba de gasolina; mas quando a Petrobras diminuiu não necessariamente essa redução chega para o consumidor. Isso acontece principalmente nas cidades em que há muita concentração de propriedade de gasolina ou cartel para combinar preço”, explica o cientista político. 

Ao longo de 2020, de maneira geral, os preços de combustíveis aumentaram, o que sustenta a explicação de Nozaki. “Houve uma diminuição agora, por causa da queda da demanda. As pessoas estão consumindo menos combustível e isso acabou gerando uma impacto na bomba de gasolina. Mas foi mais um efeito da demanda do que a oferta.”

Os novos reajustes anunciados nesta segunda-feira (26) são parte das 63 variações de preço realizadas ao longo de 2020. Isso se deve à política adotada pelo governo federal, ainda na gestão de Michel Temer, de preços de paridade com o mercado internacional. Pela medida, a estatal abriu mão de controlar diretamente o preço, evitando variações inflacionárias, para determiná-lo de acordo com o preço do mercado internacional.

Fonte: Brasil de Fato

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