Anvisa aprovou uso do imunizante em novembro, mas gestão de Bolsonaro não
disponibilizou doses ao público - Pan American Health Organization -PAHO
O Brasil vai iniciar a aplicação da vacina bivalente contra a covid-19 a partir do dia 27 de fevereiro. Autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária desde o ano passado, o imunizante fabricado pela Pfizer chega com atraso à população.
Na gestão de Jair Bolsonaro (PL), o Ministério da Saúde chegou a adquirir 18,7 milhões de doses, entregues pela farmacêutica no início de dezembro. Mas o material não foi repassado a estados e municípios. Frente à demora, a equipe de transição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apontou o tema como prioridade.
Inicialmente, o público alvo incluirá pessoas com mais de 70 anos, comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas e pessoas imunicomprometidas. A segunda fase da campanha ainda não tem data definida, mas será voltada a quem tem entre 60 e 69 anos.
Depois das etapas que atenderão à terceira idade, as aplicações serão disponibilizadas para gestantes e puérperas. Na quarta fase serão atendidos e atendidas profissionais da área da saúde. As vacinas de segunda geração aumentam a proteção tanto contra a cepa original do coronavírus quanto para a ômicron e suas subvariantes. Mais de 30 nações já estão aplicando doses.
Indicadas para reforço, as novas vacinas serão identificadas como Comirnaty® Bivalente BA.1 ou Comirnaty® Bivalente BA.4/BA.5, em embalagens específicas com tampa de cor cinza. Cada frasco conterá seis doses, que devem ser aplicadas a partir de três meses após a conclusão do esquema inicial.
O Brasil ainda não conseguiu alcançar a meta de mais de 90% da população vacinada com as duas primeiras doses e a terceira dose para reforço. As vacinas bivalentes vão melhorar a resposta imunológica contra as variantes, mas não substituem o esquema anterior de vacinação. Quem ainda não tomou todas as doses dessa etapa, portanto, precisa buscar os postos de saúde.
Risco de desabastecimento
O anúncio de que as aplicação das vacinas bivalentes vão começar no Brasil foi feito nesta quinta-feira (26), na primeira reunião ordinária da Comissão Intergestores Tripartite, na Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
No evento, o diretor do Departamento de Imunização e Doenças Imunopreveníveis do Ministério da Saúde, Éder Gatti, alertou que há risco de desabastecimento de imunizantes em território nacional, não só para a covid-19, mas também para outras doenças.
O cenário é consequência da inação do governo anterior. "Os estoques estão baixos também para vacinas BCG, hepatite B, vacina oral contra poliomielite e a triviral", alertou.
"Por estarem vencidas, mais de 370 mil doses da vacina AstraZeneca foram incineradas em dezembro passado. Encontramos estoque zerado de vacinas Pfizer Baby pediátrica e CoronaVac, o que impede a vacinação de nossas crianças. E o estoque de vacinas bivalente, para iniciar a estratégia de vacina de reforço, estava muito baixo, impedindo articulação e estruturação de uma política publica para a vacinação de nossa população", disse ainda.
Segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a recomposição dos estoques é prioridade e essencial para o planejamento das próximas campanhas de vacinação. Ela informou que a pasta deve divulgar o calendário de imunização infantil em breve.
"Faremos ações de vacinação nas escolas, como uma das estratégias, e combinaremos múltiplas estratégias para que possamos dar esta proteção, pois a baixa cobertura vacinal das crianças não diz respeito apenas à covid-19. Infelizmente ela está em cerca de 40%, por exemplo, para sarampo e poliomielite, um dos índices mais baixos da nossa história, desde o início do Programa Nacional de Imunização", ressaltou a ministra.
Fonte: Brasil de Fato
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