terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

O que se sabe sobre a subvariante BA.2 da ômicron, que cresce no mundo?

A ômicron apresenta, no total, quatro linhagens: B1.1.529 (original, denominada de ômicron), BA.1, BA.2 e BA.3, segundo a OMS - Foto: José Fernando Ogura/AEN


Até sábado (5), o Brasil registrou cinco infecções pela linhagem BA.2, da variante ômicron, duas no Rio de Janeiro, duas em São Paulo e uma em Santa Catarina, segundo o Ministério da Saúde.

Nada indica que a subvariante seja, até o momento, mais resistente às vacinas existentes ou apresente sintomas mais graves do que outras cepas. A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, por exemplo, informou que os dois pacientes infectados pela subvariante possuem sintomas leves.


Mais transmissível?

Hoje, a Organização Mundial da Saúde (OMS) caracteriza a subvariante BA.1 da ômicron como a responsável pela maior parte das contaminações, mas reconhece que a BA.2 está “aumentando em proporção”.

“Embora a linhagem BA.1 tenha sido anteriormente a mais dominante, as recentes tendências da Índia, África do Sul, Reino Unido e Dinamarca sugerem que a BA.2 está aumentando em proporção. Os fatores de transmissão e outras propriedades da BA.2 estão sob investigação, mas permanecem pouco claros até o momento”, informou a organização em um relatório publicado no dia 21 de janeiro.

A agência britânica de segurança sanitária (UKHSA, UK Health Security Agency em inglês) aponta para a maior transmissibilidade da subvariante BA.2 em relação à primeira linhagem. Na mesma linha, estudos preliminares do The State Serum Institute (SSI) da Dinamarca mostram que a linhagem pode ser 1,5 vezes mais contagiosa do que a BA.1, mas não mostraram diferenças no risco de internação.

A nova linhagem, entretanto, ainda está sob estudo e até o momento não é possível bater o martelo sobre os seus riscos. "Nossa contínua vigilância genômica nos permite detectá-las e avaliar se são significativas", afirmou Meera Chand, diretora de incidentes da UKHSA, à Deutsche Welle.

Atualmente, a linhagem já foi registrada em 57 países, entre eles Índia, Suécia e Cingapura, de acordo com a OMS.

Na Dinamarca, cerca de metade dos novos casos de covid-19 é causada pela subvariante BA.2. No país europeu, até agora, as “análises iniciais não mostram diferença na [taxa de] hospitalização pela BA.2 comparada à BA.1", conforme informou o governo dinamarquês.

Ainda assim, o que surpreende “é a rapidez com que essa subvariante, que circula em grande parte na Ásia, se instalou na Dinamarca", disse à AFP o epidemiologista francês Antoine Flahault, diretor do Instituto de Saúde Global da Universidade de Genebra, na Suíça.

A ômicron apresenta, no total, quatro linhagens: B1.1.529 (original, denominada de ômicron), BA.1, BA.2 e BA.3, segundo a OMS. A título de comparação, a variante delta tem cerca de 120 linhagens já identificadas.


Mutações

A BA.2 apresenta pelo menos 30 modificações genéticas em relação à BA.1. As mudanças entre as linhagens podem representar diferenças significativas nas formas de o vírus infectar a célula humana, por exemplo.

É neste ponto que mora o centro das preocupações dos especialistas, uma vez que atualmente a maior parte das vacinas utiliza a proteína spike – a parte do vírus que infecta as células humanas – para a imunização. Ainda não há, entretanto, motivos para pânico, segundo especialistas, uma vez que as modificações na proteína spike ainda não se mostraram expressivas.

Uma mudança importante entre as subvariantes é a mutação H69-V70, visível nos testes PCR e que está presente na BA.1, mas não na BA.2. O evento é conhecido como falha no alvo do gene S.

Isso significa que apenas o sequenciamento genético é capaz de identificar a nova linhagem, um procedimento considerado de alto custo e que não é realizado por toda qualquer instituição, o que dificulta o mapeamento epidemiológico da subvariante. Tal característica fez com que a subvariante ficasse conhecida como “furtiva” ou “disfarçada”.

De acordo com os critérios da OMS, a ameaça global de uma variante depende de quatro fatores: “(i) quão transmissível a variante é; (ii) quão bem as vacinas e a infecção anterior protegem contra infecção, transmissão, doença clínica e morte; (iii) quão virulenta a variante é comparada a outras variantes; e (iv) como as populações compreendem estas dinâmicas, percebem o risco e seguem medidas de controle, incluindo saúde pública e medidas sociais”.

Fonte: Brasil de Fato

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