domingo, 5 de julho de 2020

“Levanta-te, pega o teu leito e vai para casa” (Mt 9,6)


É complicado cultivar amigos e amigas e inesperadamente, seguir adiante, levantar acampamento e partir para outros campos, outra messe, outro rebanho e outra cultura.


Somos peregrinos nesse mundo. O sofrimento ameniza quando colocamos o Senhor como a meta, a obedecer, a seguir e colocar a vida em suas mãos. Mais uma vez, faço essa experiência na minha vida. É complicado cultivar amigos e amigas e inesperadamente, seguir adiante, levantar acampamento e partir para outros campos, outra messe, outro rebanho e outra cultura. Mas o fim é o mesmo, a essência é a mesma, a razão é a mesma, anunciar o Reino de Deus a todos os povos. O mandato do Senhor faz valer nessas horas, quando nos deparamos que não temos nada, apenas uma missão para cumprir. Nós passamos, mas a justiça, o senso de responsabilidade, o legado em anunciar o Reino de Deus permanece. Sai e vem mas o anúncio e a denúncia continuarão enquanto o ser humano não tomar consciência de sua razão existencial. Enquanto desvirtua o verdadeiro sentido do existir, tanto mais se complica e demora a realização do Reino de Deus.


No versículo de Mateus (v.6) acima citado, em “meditações para o dia a dia”, nos lembra uma multidão cerca a casa onde Jesus está. Muitos querem ser tocados, curados, atendidos. Algumas pessoas levam um paralítico até lá, e, não podendo chegar até onde Jesus estava, descem a cama com o doente pelo telhado (cf. Mt, 9,1-8). Jesus vê a fé daqueles que o carregam e se comove. Jesus sempre tem compaixão. Num gesto muito significativo, perdoa os pecados do doente, mas isso gera um reboliço. Para responder às inquietações de tantos, Jesus realiza outro sinal, visível dessa vez: cura o paralítico e o manda levantar, pegar a cama que outrora o sustentava e a carregar para casa.

Todo esse cenário é muito significativo, especialmente para nossa caminhada pessoal em meio a uma história e uma comunidade. Todo encontro com Deus nos transforma, liberta-nos, cura-nos. Muitas vezes de forma visível externamente, outras nem tanto. Fato é que nós, tantas e tantas vezes no lugar do paralítico, somos curados, e ao nos levantarmos carregamos nossas camas, não até nossa casa apenas… mas chegando lá, não conseguimos nos desfazer daquilo que outrora tanto nos foi necessário, importante. Carregamos nossas camas às vezes para o resto da vida. Peso desnecessário, dificultando nosso caminhar, mas que um dia nos foi útil. Tradições, costumes, certezas, preconceitos… pesos que nos impedem de caminhar. Testemunho contrário à própria cura.

O encontro com Deus sempre nos transforma, mas nós, nem sempre acolhemos essa liberdade”.

Com essa certeza parto, sigo o caminho, os desígnios de Deus. Ir adiante significa erguer a cabeça, acreditar na força de Deus que chama, alimenta, sustenta e indica o rumo.

Que saibamos erguer a cabeça em tempo de pandemia, carreguemos a cama do cuidado e voltemos para casa curados, pois, ela fica no lugar dela e nós agimos onde somos chamados, convocados e indicados.

É difícil, sim é, mas com a graça de Deus tudo se torna mais leve, atraente, consolador confortante.

Sigamos a voz do Senhor. Aumentemos a nossa fé, sigamos o magistério da Igreja, observemos a tradição da Sagrada Escritura e alimentemos a verdadeira doutrina para que não nos percamos na vida e superemos os desafios, as dores causadas pelo ser humano vingativo, desestruturado, desajustado e dominado pelas forças do mal que destroem o verdadeiro sentido da vida humana.

Que saibamos cuidar da saúde, da vida que está em nós, nos outros, na natureza, tudo é dom do Criador. Não desanimemos, a inspiração divina nos dará sempre a luz que brilha e tenhamos um mundo mais solidário, humano e cristão.

Que a Virgem Maria, a Mãe da Igreja, nos protege em todas as nossas ações e tenhamos dias melhores, sem a pandemia que assusta, amedronta e nos impede de sermos nós mesmos, filhos livres de Deus.

Que ela nos abençoe, nos proteja e nos guarde no caminho de seu filho, Nosso Senhor Jesus Cristo.

Dom Severino Clasen, ofm

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