Receio de especialistas é de que o Brasil entre em um período de estabilidade
mantendo os patamares atuais; dessa forma, o país pode ultrapassar
600 mil mortes até o meio do ano - Mauro Pimentel/AFP
Abril é o mês com mais mortes por covid desde o início da pandemia no Brasil , em março de 2020. Das 391.936 mortes registradas oficialmente pelo Brasil, mais de 17% ocorreram neste mês, que ainda não acabou. Já foram mais de 69 mil vítimas. Nas últimas 24 horas, o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), apontam para 1.139 novas mortes causadas pelo novo coronavírus. O Brasil viu um pico registrado em poucos países no mundo durante este mês.
Durante a primeira semana de abril, foram mais de 21 mil mortes. Já na semana passada, houve um ligeiro recuo, para pouco menos de 18 mil vítimas. O surto de covid-19 permaneceu em crescimento desde novembro do ano passado, com destaque para todo o mês de março até o meio de abril, quando houve uma explosão de casos e mortes.
A RBA utiliza informações fornecidas pelas secretarias estaduais, por meio do Conass. Eventualmente, elas podem divergir do informado pelo consórcio da imprensa comercial. Isso em função do horário em que os dados são repassados pelos estados aos veículos. As divergências, para mais ou para menos, são sempre ajustadas após a atualização dos dados.
Progressão
O receio de especialistas, como os da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é de que o Brasil entre em um período de estabilidade mantendo os patamares atuais. Se prosseguir assim, o país pode ultrapassar as 600 mil mortes até o meio do ano. No último fim de semana, seis dias antes de fechar o quarto mês do ano, o Brasil ultrapassou o total de mortos registrado nos dez meses de pandemia do ano passado. Do primeiro caso no país, no dia 12 de março, até 31 de dezembro de 2020, foram 194.949 mortes. Neste ano, já são 196.987.
A movimentação das curvas epidemiológicas da covid no Brasil revelam uma tendência de queda imediata nos registros de contaminados e mortos, com tendência de estabilidade. A melhora nos indicadores possui relação, de acordo com a Fiocruz, com recentes medidas de isolamento adotadas pelos estados, além do avanço da vacinação entre idosos; o que inclusive por estar relacionado com a redução na idade dos pacientes graves e mortos.
Tendências
Entretanto, as medidas de proteção adotadas entre março e meados de abril, estão sendo flexibilizadas pelos estados e municípios. Os números e indicadores positivos da última semana podem ser irrelevantes no médio prazo, caso a covid-19 volte a se disseminar com velocidade. Nas grandes cidades brasileiras, como São Paulo, comércio, bares, baladas, cinemas e igrejas lotadas, são prenúncio de novo crescimento de casos de covid.
A Fiocruz discorda da flexibilização e alerta para a possibilidade de um futuro ainda mais sombrio. “Nas duas últimas semanas houve a estabilização do número de casos e óbitos por covid-19, o que caracteriza a formação de um novo patamar de transmissão, com a sustentação de valores altos de incidência e mortalidade, como o ocorrido em meados de 2020. Se em 2020 o patamar ficou conhecido pelo óbito diário de 1 mil pessoas, nas próximas semanas este valor pode permanecer em torno de 3 mil óbitos. A alta proporção de testes com resultados positivos revela que o vírus permanece em circulação intensa em todo o país”, afirma a entidade.
Cautela
A entidade argumenta que resultados a respeito de mortes e casos detectáveis estão relacionados a períodos anteriores. Como a covid-19 demora ao menos 10 dias para se manifestar de forma agressiva, os indicadores de hoje correspondem a um período que medidas de isolamento estavam em vigor.
Pelo menos 14 estados da Federação encontram-se com o sistema de Saúde em colapso. E um movimento de queda nos indicadores já foi alternado para a estabilidade. Com isso, aliado à ausência de medidas de isolamento social, o temor é de uma nova ascensão do surto.
Enquanto isso, a vacinação contra a covid caminha com dificuldade no Brasil. Hoje (26) o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admitiu a possibilidade de falta de vacinas até para a segunda dose daqueles que já receberam a primeira. Isso, pouco mais de um mês de uma orientação da pasta para que os estados e municípios não segurassem doses, e aplicassem todo o estoque disponível na primeira. A intenção de mostrar uma falsa velocidade na vacinação pode se tornar um problema de saúde pública sem precedentes.
Até o momento, de acordo com o consórcio de veículos de imprensa e do Ministério da Saúde, cerca de 30 milhões de brasileiros já receberam a primeira dose de uma vacina, algo em torno de 14% da população. Estão totalmente imunizados 13 milhões, ou 6%. O total de doses distribuídas ultrapassa 42 milhões, entre CoronaVac e AstraZeneca.
Fonte: Brasil de Fato
Nenhum comentário:
Postar um comentário