quinta-feira, 17 de março de 2022

Única forma de acabar com alta dos combustíveis é mudar política de preços da Petrobras, diz economista


A população brasileira enfrenta uma alta histórica nos preços dos combustíveis e a única maneira de combatê-la é mudando atual política de preços da Petrobras, orientada por flutuações no mercado internacional de petróleo e no câmbio. A afirmação é do economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social da Petrobras.

Na última quinta-feira (10), a estatal anunciou novo aumento nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha. Agora, o preço médio de venda do litro da gasolina para as distribuidoras passou de R$ 3,25 para R$ 3,86, alta de 18,8%. O do diesel foi de R$ 3,61 para R$ 4,51, reajuste de 24,9%.


“A única forma de acabar com esses preços elevados é acabar com a política de Preço de Paridade Internacional (PPI), que faz com que o valor da refinaria simule uma importação. É como se fôssemos comprar gasolina no Golfo do México. Com o fim da PPI é possível manter receitas e vender para o mercado local. A Petrobras tem um papel social e não pode focar em distribuir bilhões de dividendos aos sócios, empurrando os maiores preços da história para o consumidor”, afirmou o economista, em entrevista a Rodrigo Gomes, no Jornal Brasil Atual.

‘Não há alternativa’

A Petrobras passou a adotar a PPI a partir de outubro de 2016. Com o aumento da volatilidade do petróleo no mercado internacional em função da guerra na Ucrânia, aumentou a pressão pela revogação da política, mas o presidente Jair Bolsonaro (PL) resiste em fazer uma mudança nesse sentido. “Ele tenta se desassociar da política de preços, mas não muda essa política de paridade porque quer agradar o mercado, finge que é contra e não confronta o mercado. Agora, ele quer tirar dezenas de bilhões de reais dos cofres públicos, cortando impostos, só para não enfrentar a política de preços, que é insustentável”, criticou o especialista.


O economista acrescenta que os projetos que tramitam no Congresso Nacional, que buscam reduzir o valor dos combustíveis, também não são positivos. “Não enxergo nos projetos formas de solucionar o problema, principalmente o que retira o ICMS. Além disso, a proposta de fundo de estabilização para financiar a diferença de preço preocupa, porque você coloca dinheiro público para bancar a política de preço internacional. Não são projetos que atacam o verdadeiro problema e mantêm o lucro dos acionistas”, alertou.

Fonte: RBA

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