Do nome da cidade à atividade que já foi uma das maiores do município. Nesse caminho, a vitivinicultura vem se perpetuando e gerando renda a inúmeros produtores. Neste ano, com safra cheia, a estimativa é que mais de 30 milhões de quilos de uva tenham sido colhidos em Videira e nos municípios da região.
Com uma área plantada de 1.6 mil hectares, a produção da uva mobiliza mais de 730 famílias que encontram oportunidades nessa atividade. Muitos dos novos produtores de uva da região herdaram o cultivo e se mantém otimistas nessa função, como é o caso do Alcir Zanotti, produtor de Anta Gorda, interior de Videira.
Zanotti trabalha com quatro variedades de uva, ambas voltadas ao processamento: Niágara, Isabel, Coder 13 e Bordô. Neste ano colheu cerca de oito toneladas de uva, nos aproximados 2 hectares plantados. A safra, segundo ele, foi positiva, de uvas doces e em quantidade significativa.
Ele conta que a parreira de uva Isabel tem 90 anos de plantio, sendo uma das primeiras da região plantada, e até hoje, traz uma rentabilidade interessante. Com dois anos de perdas na atividade, decorrente de granizo em 2015 e frio tardio em 2016, as videiras ainda estão se recuperando e a estimativa para 2018 é de uma safra ainda melhorada.
O grande diferencial da atividade, segundo o produtor, é que envolve a família. Da poda aos tratamentos, o serviço é todo realizado pela família, demandando algum acréscimo de efetivo somente na colheita. “Além de uma boa colheita, o valor da comercialização da fruta também está positiva o que anima um pouco” afirmou.
Pesquisa parceira do desenvolvimento
Se por um lado o produtor está satisfeito com os resultados desta safra, o setor de pesquisa da Epagri de Videira, já pensa lá na frente, buscando desenvolver ainda mais a atividade, por meio de novas variedades resistentes e um trabalho em parceria a fim de dar maiores oportunidades ao setor.
Atualmente a Estação Experimental da Epagri de Videira está com dois programas de pesquisa e apoio a atividade abertos. O primeiro, em parceria com o Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), que visa melhorar o sistema produtivo de suco no alto vale do Rio do Peixe, que trabalha a uva e também conceitos de solo, folha, adubação, pesquisas para extração de óleo da semente de uva, bem como, visa a caracterização do suco da região, inicialmente pela qualidade e depois por indicação geográfica.
Outra pesquisa que tem a uva no seu DNA está a de avaliação de genótipos resistentes, desenvolvido com o apoio do Fundo Vitis Catarinense e a Fapesc (Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina). Por meio desse trabalho já foi implantado onze novas variedades, neste ano mais dez serão divulgadas e no ano que vem outras dez variedades, ambas de origem da Itália e Alemanha. As variedades buscam ser resistentes ao míldio, mais conhecido como mofa da uva e o oidio, duas doenças comuns que afetam a atividade.
“São pesquisas que vem trazendo resultados positivos que são revertidos em produção e rentabilidade ao produtor. Nossos pesquisadores estão debruçados sobre esses projetos e acreditamos que ainda muitos outros bons frutos serão colhidos” finalizou o gerente de pesquisa da Estação Experimental da Epagri de Videira, Vinicius Caliari.
Políticas públicas apoiam atividade
O produtor de uva encontra no Governo do Estado de Santa Catarina uma série de políticas públicas de incentivo. Há projetos que demandam recursos para cobertura de pomares, irrigação, melhoria e equilíbrio do solo, além de fundos de desenvolvimento rural e subvenções do seguro agrícola.
Nas coberturas das videiras, há projetos que subsidiam até 2,5% de juro da operação, em contratos de até 120 mil reais. O Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR), é outro que pode ser utilizado pelos produtores na compra de produtos ou na melhoria de serviços que atendam a um teto de 20 mil para projetos individuais e até 30 mil para projetos coletivos. Em 2016, para a região da área de abrangência da 9ª Agência de Desenvolvimento Regional (ADR), foram liberados R$ 1.721.345,00, beneficiando 83 produtores.
Para o gerente da Epagri de Videira, Jonatan Galio, as políticas públicas e o trabalho de extensão são levados ao produtor interessado. São dias de campo, seminários, e capacitações individuais e coletivas sobre as mais diversas atividades “Finalizando a safra, o momento é de festejar os resultados. Acreditamos que mantido os cuidados e tendo uma condição climática positiva, 2018 terá uma safra ainda melhor” finalizou.
JOSIANE ZAGO
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