São Paulo – O Brasil registrou nesta sexta (14), um dos dias com número mais elevado de novos casos registrados de covid em um período de 24 horas. Foram 85.536 infectados notificados, totalizando 15.519.525 desde o início do surto, em março do ano passado. Também hoje, o país lamenta mais 2.211 mortes causadas pelo novo coronavírus, o que ele a 432.628 brasileiros vítimas da infecção. As informações são do relatório do dia do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).
O número alto de casos registrados hoje confirma a tendência observada nas duas últimas semanas de maior descontrole da pandemia. Enquanto a média de mortes segue abaixo das 2 mil mortes diárias (1.931 a cada um dos últimos sete dias), sobe o número de contaminados. A média diária de novos casos, igualmente calculada em sete dias, está em ascensão desde o dia 26 de abril. Hoje é de 62.439. Considerando que a covid leva de 10 a 15 dias para se manifestar em toda a sua agressividade, a projeção é de que, já na próxima semana, o número de mortes começará novamente a aumentar.
A redução constante nas mortes, observada desde o dia 12 de abril, teve relação direta com as medidas de isolamento social adotadas por estados e municípios, com mais intensidade no mês de março. Entretanto, de forma precoce e falha, segundo cientistas, as medidas protetivas foram sendo abandonadas, conforme o número de óbitos foi diminuindo, ainda que apresentando números elevados.
Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass
A RBA utiliza informações fornecidas pelas secretarias estaduais, por meio do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Eventualmente, elas podem divergir do informado pelo consórcio da imprensa comercial. Isso em função do horário em que os dados são repassados pelos estados aos veículos. As divergências, para mais ou para menos, são sempre ajustadas após a atualização dos dados.
Cenário de caos
Embora parte dos cientistas se negue a falar em terceira onda, já que a média de mortes ainda é considerada altíssima, em torno das 2 mil diárias. No entanto, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já vem alertando para o iminente – e trágico – aumento expressivo das mortes por covid em breve no Brasil. “Uma terceira onda pode representar uma crise sanitária ainda mais grave do que vimos”, aponta a entidade.
A confirmar a tendência de que a pandemia se tornará mais grave do que foi visto em março, é quase certo o colapso completo do sistema hospitalar brasileiro. Muitas cidades nem sequer conseguiram ainda superar a amplitude da crise daquele mês, já que sete capitais encontram-se com ocupação de UTIs acima de 90%: Porto Velho (92%), Teresina (96%), Natal (92%), Aracaju (99%), Rio de Janeiro (93%), Curitiba (92%) e Goiânia (92%).
Outro ponto de cuidado é o surgimento de novas mutações do vírus. Sabe-se que o vírus circulando sem controle é receita para novas cepas, como a desenvolvida em Manaus ainda no ano passado, ou na Índia neste ano. Diante disso, a Fiocruz, em boletim extraordinário sobre a covid-19, pede pelo retorno urgente de medidas de isolamento social.
“Uma nova explosão de casos de Covid-19 (terceira onda) a partir do patamar epidêmico atual, que permanece elevado, será catastrófico. São mais de 420 mil mortes. Grande parte da população brasileira já vivenciou a perda de um familiar, um amigo, um vizinho ou um colega de trabalho. Ainda não se tem dimensão da extensão e dos desafios que se colocam com as sequelas deixadas pela Covid-19 em pacientes graves e, mesmo com quadros moderados, das suas repercussões na qualidade de vida das pessoas e demandas que elas vão impor ao sistema de saúde em médio e longo prazos”, afirma a entidade.
Fonte: RBA
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