São Paulo – O Brasil registrou 1.337 mortos pela covid-19 nas últimas 24 horas. A semana se encaminha para ser a de maior número de vítimas do novo coronavírus desde o primeiro contágio no país, no final de fevereiro de 2020. O vírus segue com disseminação fora de controle levando o Brasil ao colapso do sistema de saúde. A média móvel diária de mortes, calculada em sete dias, está em seu patamar mais alto: 1.153.
Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass
Em relação ao número de infectados, o Brasil soma 10.455.630, com acréscimo de 65.169 no último período. A curva epidemiológica de contágio mantém-se em nível mais elevado do que na primeira onda de impacto da covid-19, registrada entre junho e setembro. Enquanto isso o país permanece sem ações em âmbito federal para controle da doença. E também vacina em ritmo muito lento.
Curvas epidemiológicas médias de novos casos e mortes diárias. Fonte: Conass
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Brasil chegou hoje (26) ao seu pior patamar. O Boletim Observatório Covid-19 revela que o país tem a maior ocupação de UTIs da história; mais de 80%. O percentual de leitos com pacientes passa dos 90% no Amazonas (94,6%), Ceará (92,2%), Paraná (91,9%), Rondônia (97,1%) e Santa Catarina (93,4%). Entre 80% e 90%, estão Acre (88,7%), Distrito Federal (87%), Goiás (89,2%), Pernambuco (85%), Rio Grande do Norte (81,4%), Rio Grande do Sul (83,6%) e Roraima (82,2%).
“A gravidade deste cenário não pode ser naturalizada e nem tratada como um novo normal. Mais do que nunca urge combinar medidas amplas e envolvendo todos os setores da sociedade e integradas nos diferentes níveis de governo”, afirma o boletim.
Mentiras e desinformação
No mesmo dia em que o país registrou mais mortos pela covid-19, chegando a mais de 251 mil óbitos, o presidente Jair Bolsonaro, em uma live, voltou a espalhar fake news e desinformação. Ele tratou uma pesquisa realizada na internet como se fosse um estudo de uma universidade alemã, para afirmar que máscaras fazem mal à saúde. A posição dele diverge do consenso mundial da comunidade científica. Diante disso, o presidente figurou durante o dia de hoje entre os assuntos mais comentados das redes sociais com a hashtag #BolsonaroGenocida.
Para o epidemiologista da Fiocruz Amazonas Jesem Orellana, o momento é de lamento e preocupação. “A Fiocruz reconhece que o sistema de saúde do Brasil encontra-se neste momento próximo ao colapso”, disse, em entrevista para o programa Bom pra Todos, da TVT. “Temos cada vez mais claro que se não afastarmos o presidente da República e seu ministro incompetente vamos seguir para o desconhecido. Não temos ideia do que vai acontecer. Estamos em um cenário trágico com semanas e semanas com a média móvel acima de mil e quebrando recorde de mortes diárias”, completou
O descontrole do surto no país e a realidade do número acentuado de vítimas e novos casos diários indica que o futuro próximo seguirá trágico. “As próximas semanas vão ser muito difíceis. Principalmente nas grandes metrópoles com o aumento significativo das internações hospitalares e ameaças de colapso. Seguindo o curso do histórico da doença, temos mais pelo menos umas três ou quatro semanas dramáticas. Se não implementarmos medidas de contenção teremos um prolongamento do drama por mais semanas e meses. Não sabemos aonde vamos parar”, disse Jesem.
Fonte: Rede Brasil Atual
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