Em um ato simbólico que reuniu famílias assentadas e acampadas, o MST/SC entregou aos funcionários do Incra/SC uma cesta de produtos da reforma agrária e uma obra da Editora do Movimento, a Expressão Popular. Protestando contra a paralisia e o desmonte no processo de reforma agrária no Brasil, o grupo ainda enviou para a Superintendência do Incra uma cesta de terra, uma lona preta e uma bandeira do Brasil, numa referência às áreas que, mesmo próprias para o assentamento de milhares de famílias, seguem sem produzir ou nas mãos de latifundiários.
“Enquanto isso, nossas famílias lutam e trabalham morando embaixo de lonas. A bandeira do Brasil serve para mostrar que amamos esse País e seguimos lutando por nossos direitos”, afirmou Vilson Santin, que integra a coordenação estadual do MST. Conforme Santin, a maioria dos produtos da cesta destinada aos funcionários do Incra veio de acampamentos onde famílias aguardam assentamento há anos. “Mesmo sem apoio e vivendo a angústia de não ter um chão para plantar, essas pessoas já estão trabalhando e produzindo. Viemos entregar estes produtos aos funcionários do Incra num ato de solidariedade, já que eles também são afetados pelo desmonte e pelo golpe que está em curso contra o Brasil”, disse Santin, que defendeu a valorização dos servidores do Órgão e a retomada dos processos de desapropriação e destinação de áreas para a reforma agrária.
Além de hortaliças, frutas, verduras e legumes produzidos em assentamentos e acampamentos, as cestas continham conservas e derivados de laticínios oriundos de agroindústrias e cooperativas do MST em Santa Catarina. O Movimento é responsável por 10 cooperativas no Estado e, entre outros produtos, industrializa mais de 90 milhões de litros de leite por ano, envolvendo mais de 2,5 mil famílias de agricultores familiares e assentados da reforma agrária somente na Cooperoeste.
Numa reunião com os funcionários do Incra, no final do ato, os acampados falaram da ansiedade e da angústia de aguardar o assentamento. Além disso, defenderam o investimento e o apoio ao Incra como uma medida fundamental para a produção agrícola e a justiça social no Brasil.
As famílias levaram ao ato uma imagem de Dom José Gomes, bispo de Chapecó falecido em 2002 que dá nome ao prédio onde fica a Superintendência do Incra. A história de Dom José foi marcada pelo forte compromisso com os movimentos sociais do campo e da cidade e pela firme defesa da reforma agrária em uma época conturbada do cenário político brasileiro. “Essa imagem de Dom José está aqui para lembrar qual a função do Incra e o quanto é injusto que, neste momento, agricultores e agricultoras sem terra não sejam ouvidos pelo órgão responsável pela reforma agrária no Brasil”, complementou Vilson Santin.
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