Com a mudança de comportamento da população e o relaxamento da quarentena, o número de casos de covid-19 voltou a crescer em São Paulo e nas demais capitais. No entanto, o perfil dos infectados mudou. De outubro para cá, os jovens passaram a ser os responsáveis pela maior parte das infecções e internações por covid-19 no país. Os pacientes dos 20 aos 39 anos representam atualmente 40% dos casos e 3,6% das mortes contabilizados entre os paulistas.
Entre março e novembro, o principal volume de internações era de pacientes que tinham entre 55 a 75 anos – grupo que ainda representa 77% des infectados que evoluem de forma grave e compõem as principais estatísticas de mortalidade da covid-19.
Em Belo Horizonte, o cenário é parecido. A Secretaria de Saúde da capital mineira demonstra que, entre outubro e novembro, houve uma elevação de 6,4% no índice de pacientes com idade entre 20 e 39 anos infectados pelo vírus. Eles já são praticamente metade dos novos casos de novembro, que registrou 1.162 casos a mais do que outubro nessa camada da população.
Ao jornal O Tempo, o infectologista Estevão Urbano afirma que o aumento no contágio por covid-19 entre jovens configura uma dupla responsabilidade. Além disso, o jovem precisa derrubar o mito de que está isento de adoecimento grave. “É uma roleta-russa, não dá pra saber quem vai evoluir bem e quem vai mal”, explica o especialista.
Cansaço e solidão
Para frear o aumento de casos, o governo de João Doria (PSDB) hesita em tomar medidas mais duras. Desde a última sexta-feira (12), os bares, que antes podiam funcionar até às 22h, passaram fechar às 20h. Os restaurantes poderão continuar abertos até 22h, mas não poderão servir bebidas alcoólicas após às 20h. Apesar das mudanças de horário, não foi feita a reclassificação de restrição de nenhuma região do estado.
O médico patologista e professor da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Saldiva, alerta para a mudança de comportamento das pessoas. Hoje, elas não saem de casa só para sobreviver e trabalhar, mas também tem aqueles que não suportam mais o isolamento, buscando viver a vida como antes da pandemia.
Para o médio, esse relaxamento é um sentimento natural das pessoas, como forma de combater a solidão. “Apesar disso, não combinamos com o vírus, pois ele ainda depende do nosso sistema biológico para proliferar. Não foi à toa que o aumento mais acentuado dos novos casos é entre pessoas de 20 a 29 anos. Eles têm mais chances de sobrevivência, mas levam para casa o vírus e contaminam as pessoas que amam””, afirmou à Rádio USP.
O especialista afirma que não há muito coisa que possamos fazer para combater o vírus, mas é preciso de paciência das pessoas. “Faltam poucos meses para termos uma vacina. As festas de fim de ano são um chamamento para encontrarmos as pessoas que amamos, mas pelo respeito à saúde dessas pessoas, vamos precisar adiar esses encontros”, finalizou.
Fonte: RBA
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