O avanço do coronavírus no Brasil, que nesta terça (2) registrou número recorde de óbitos em 24 horas, é uma ameaça global e pode ser responsável pela proliferação de variantes ainda mais letais.
O alerta foi feito pelo neurocientista Miguel Nicolelis, um dos principais nomes da pesquisa científica do país, em entrevista ao The Guardian.
“O Brasil é um laboratório ao ar livre para que o vírus prolifere e eventualmente crie mutações mais letais. Isto é sobre o mundo. É global", disse o neurocientista.
Ainda segundo o pesquisador, o fracasso do governo Bolsonaro em deter o surto e promover uma campanha de vacinação adequada pode fazer com que o atual cenário, já grave, chegue a níveis ainda mais catastróficos.
"Já passamos das 250 mil mortes e minha expectativa é que, se nada for feito, podemos perder 500 mil pessoas aqui no Brasil até o próximo mês de março. É uma perspectiva horrível e trágica, mas neste momento é perfeitamente possível", advertiu ele.
O colapso do sistema de saúde é uma realidade em todo país. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) emitiu, nesta terça-feira (2), um boletim destacando que Brasil vivencia o agravamento simultâneo de diferentes indicadores utilizados para acompanhar o andamento da pandemia.
Segundo a instituição, é a primeira vez desde o início do alastramento do vírus que o país acumula aumento do número de infecções e mortes, continuidade da alta incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), sobrecarga de demandas nos hospitais e alta positividade de testes de covid-19 entre a população.
"Minha previsão é que se o mundo ficou chocado com o que aconteceu em Bérgamo, na Itália, e o que aconteceu em Manaus há algumas semanas, vai ficar ainda mais chocado com o resto do Brasil se nada for feito", endossou Nicolelis ao veículo britânico.
Durante a entrevista, o pesquisador também convocou a comunidade internacional a apontar o fracasso do governo brasileiro no controle da pandemia.
De acordo com monitoramento da Universidade Johns Hopkins, o Brasil é o segundo país do mundo com mais óbitos em razão da pandemia, atrás apenas dos Estados Unidos.
"O mundo deve falar com veemência sobre os riscos que o Brasil está colocando na luta contra a pandemia. De que adianta separar a pandemia na Europa ou nos Estados Unidos, se o Brasil continua a ser um terreno fértil para este vírus?”, questionou.
Fonte: Brasil de Fato
*Com informações do The Guardian
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