Escrito por: Sílvia Medeiros/CUT-SC
Na noite de 11 de março a plenária da Assembleia Legislativa de Santa Catarina estava colorida de rosa e lilás, mas um colorido que não vinha somente das cores, mas dos olhares e sorrisos das mais de 100 mulheres que estavam presente numa Sessão Especial que homenageou as entidades comprometidas com as lutas das mulheres.
A Sessão Especial foi uma sugestão apresentada pela bancada feminina da Alesc e aprovada por unanimidade por todos os deputados, mas apesar dessa concordância, além das quatro deputadas mulheres, nenhum outro parlamentar homem permaneceu na homenagem da Assembleia para as entidades com histórico de luta pelas mulheres catarinenses.
Este é o quarto ano que a Bancada Feminina da Alesc, formada pelas deputadas estaduais Ana Paula Lima (PT), Luciane Carminatti (PT), Angela Albino (PCdoB) e Dirce Heiderscheidt (PMDB), fazem sessões solenes em homenagem ao 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Porém é o primeiro ano em que são homenageadas as entidades que lutam pelas causas femininas. “Nos outros anos a nossa homenagem foi pessoal e dirigida a algumas mulheres e as ex-deputadas, neste ano achamos importante dar visibilidade para as entidades que a décadas vem desempenhando um grande papel na luta pela igualdade entre homens e mulheres e na construção de uma sociedade justa e igualitária”, ressaltou Angela Albino.
Homenagem para as Mulheres CUTistas - A Secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT-SC foi uma das entidades homenageadas, indicada pela Deputada Ana Paula Lima. A deputada salientou a luta das mulheres que estão dentro das entidades sindicais e que fazem o enfrentamento na busca por melhores condições de trabalho. “Vivemos uma nova realidade no mundo do trabalho e a Central Única dos Trabalhadores nos últimos 30 anos, tem sido uma grande entidade que faz a luta e consegue transformar a realidade de mulheres e homens trabalhadores do Brasil”, destacou Ana Paula.
A deputada salientou também a conquista das mulheres CUTistas que no seu último Congresso, no ano de 2012, aprovaram a paridade na composição da diretoria. “A partir de 2015 a direção da CUT terá que ser composta por 50% homens e 50% mulheres. Isso é uma vitória e um exemplo para toda a sociedade que busca igualdade de direitos e oportunidades. Essa vitória não é somente das CUTistas, mas sim de todas as mulheres”, salientou Ana Paula.
A secretária geral da CUT-SC, Anna Julia Rodrigues que foi receber a homenagem na Alesc, lembrou que a conquista da paridade na central foi uma vitória construída por mulheres e homens. “Muito mais que cumprir porcentagens, a paridade tem como fundamento garantir a participação das mulheres em cargos de decisão, antes preenchido somente por homens”, ponderou Anna Julia.
Cada deputada sugeriu homenagens a entidades de diferentes frentes de luta, Anna Julia agradeceu a homenagem para as mulheres CUTistas. “Hoje somos trabalhadoras que estamos fazendo a luta por todos, homens e mulheres. Parabéns a todas as entidades homenageadas, que possamos juntas construir uma sociedade com igualdade no trabalho e na vida”, destacou Anna Julia.
Na terra de Anita Garibaldi, a mulher esta pouco representada - De acordo com o Censo de 2010, Santa Catarina possui 500 mil mulheres a mais do que homens, infelizmente estes números não refletem na política catarinense.
Do total de 295 municípios do estado, apenas 22 tem mulheres como prefeitas. Nas Câmaras de Vereadores a participação do público feminino também é tímida, temos 386 vereadoras espalhadas por diversos municípios de Santa Catarina, porém as principais cidades do estado como Joinville e Florianópolis, cada uma possui apenas uma mulher como vereadora.
No âmbito estadual também não é diferente, dos 40 deputados estaduais, apenas quatro vagas são preenchidas por mulheres, representando 10% da bancada. “Infelizmente na cultura da nossa sociedade, existem alguns redutos que são tipicamente ocupados somente pelo público masculino. Como é o caso do reduto militar, da igreja e principalmente da política”, lembrou Luciane Carminatti.
“A decisão e o poder ainda esta na figura masculina, basta ver o corredor de imagens dos ex-presidentes da Assembleia. É um paredão de fotos de homens. Nunca uma mulher ocupou este posto. Por isso, já sugerimos aos colegas deputados em criar uma galeria lilás, em protesto para que possamos chamar a atenção que nós mulheres somos poucas aqui dentro”, refletiu Luciane.
Santa Catarina ocupa o terceiro lugar com maior índice de estupro e é o estado com maior desigualdade entre os salários pagos para homens e para mulheres. “Existe muita luta para ser feita, avançamos muito, mas ainda precisamos avançar muito mais. Temos certeza que vamos conseguir, pois se tem um adjetivo que não falta a nós mulheres, é a coragem”, finalizou Ana Paula.
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