A Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência promoveu, na manhã desta terça-feira (23), o Seminário Currículo Funcional Natural – Apae Escola. O evento reuniu presidentes, diretores e orientadores pedagógicos de Apaes de todo o Estado para debater a implantação de modelo de ensino já adotado na unidade de Blumenau em mais municípios.
“Estamos buscando a funcionalidade dos alunos das Apae, principalmente dos severos e dos profundos, que até hoje não eram certificados. Trouxemos todas as Apaes de SC aqui para que eles possam conhecer e, por opção, implantar a Apae escola na modalidade de educação especial”, explicou a presidente da Associação Estadual de Apaes de SC, Lorena Starke Schmidt.
Segundo a dirigente, o trabalho nas Apaes municipais que adotarem o modelo será adequado a currículos e programas a serem repassados pela Secretaria de Educação e pela Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE) e normatizados pelo Conselho Estadual de Educação. Além disso, os alunos serão certificados. “Eles são cidadãos como qualquer um de nós e também merecem – e para a própria família, é uma maneira de os filhos serem reconhecidos como qualquer cidadão.”
Atualmente, os alunos de Apaes não aparecem no Censo Escolar. Com o novo modelo, recursos do Fundeb ajudarão na manutenção do programa.
Para o presidente da comissão, deputado Dr. Vicente Caropreso (PSDB), o objetivo do evento foi discutir esta nova forma de ensino regular para crianças com algum grau de dificuldade intelectual. “O momento é de debater se ele também é útil em outras instituições e o importante é saber a potencialidade de cada uma destas instituições para poder avaliar a possibilidade de implantar modelo semelhante.”
Caropreso destacou o papel da Assembleia Legislativa no atendimento desta parcela da população. “É uma responsabilidade grande fazer com que as pessoas com uma potencialidade intelectual reduzida possam receber um melhor ensino de nível básico possível dentro do que se pode oferecer aqui em Santa Catarina”, afirmou o deputado.
Entrevista
Lorena Starke Schmidt – Presidente da Associação Estadual das Apaes de Santa Catarina
O que é o currículo funcional natural?
É um currículo em que você busca a funcionalidade do aluno, para ele ter uma qualidade de vida melhor. O que a família quer do aluno? Que ele consiga amarrar o sapato, que ele tome banho sozinho. Então vai ser uma capacitação individual, cada um com aquilo que mais ele precisa desenvolver. Antes era posto numa sala de aula, todo mundo fazia bolinhas de papel e colava. Agora não. Vai ter metas e resultados. Esses resultados serão cobrados.
Pode nos dar exemplos?
Antes a gente colocava uma garrafa vazia com uma tampinha para eles abrirem. Ele vai pegar uma garrafa com refrigerante. O currículo funcional é o que é a realidade. Colocamos uma garrafa com suco para ele abrir e fechar. Na hora do lanche, não é mais a professora que vai fazer o lanche pra ele. Teve aluno que sempre ganhou café com leite. Na hora em que ele pôde optar, ele pegou só o café puro. Ele não gostava de leite, ele tomava leite porque era posto na xícara pra ele.
Na questão de conhecimento teórico, matemática, português, eles vão desenvolver atividades como escrita, por exemplo? Como vai funcionar?
Como os severos e profundos, que ficam conosco, têm um aprendizado muito lento, passa-se aquilo que você sabe que eles vão captar. É bem específico para os mais comprometidos, e isso é um processo bastante moroso, mas a gente chega lá porque todos têm potencial para desenvolver alguma coisa.
Fonte: Alesc
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