São Paulo – Para o economista Guilherme Mello, professor da Unicamp, o Brasil passa por uma recuperação econômica em K, com aprofundamento das desigualdades. Ele prevê uma tênue melhora nos próximos meses, puxada pelo mercado externo. Ainda assim, o aumento da venda de produtos agrícolas e minerais – as chamadas commodities – não é capaz de estimular a criação de empregos. Para isso, segundo ele, é necessário um novo plano de desenvolvimento.
“Para a coisa melhorar para o trabalhador, é preciso uma nova estratégia de desenvolvimento. E de um novo governo. A estratégia do atual governo já provou que não traz condições para a melhoria de vida da classe trabalhadora”. afirmou o economista, em entrevista aoRevista Brasil TVT, neste domingo (20).
O avanço do PIB de 1,2% no primeiro trimestre é reflexo de um “carregamento estatístico”, dada a comparação com o crescimento negativo registrado em 2020. O chamado “boom das commodities” é insuficiente para estimular a atividade econômica, pois se relaciona a setores com restrita utilização de mão de obra. Além disso, ainda deve corroborar para o aumento do preço dos alimentos, por exemplo, elevando ainda mais a inflação ao consumidor.
Para conter a inflação, o Banco Central (BC) tem promovido uma escalada da taxa básica de juros – a Selic –, atualmente em 4,25% ao ano. Com juros mais altos, a expectativa é atrair capitais especulativos, que serviriam para derrubar a cotação do dólar. Nesse sentido, produtos importados mais baratos ajudariam a conter a inflação. Contudo, nada disso teria impactos positivos na criação de empregos.
Riscos no pós-pandemia
De acordo com o economista, apenas o avanço da vacinação é capaz de trazer algum refresco para o desemprego. “Sem vacinação, as pessoas consomem menos serviços, seja de turismo ou de alimentação, por exemplo. Ficamos dependendo de uma coisa que vários outros países já fizeram, e nós não”. Mas, segundo Mello, a gestão sanitária do governo federal é tão “catastrófica”, que é impossível prever quando os índices de vacinação serão suficientes para reabrir a economia de forma segura.
Além disso, há o risco de uma crise iminente no setor elétrico, que pode colocar tudo a perder. “Por exemplo, se tivermos apagões ou racionamento de energia, nem recuperação do PIB vai ter. Quanto menos do emprego e da renda”, declarou o economista.
Fonte: RBA
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