quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Paixão de Cristo: O grupo de teatro Amigos de São Pedro, de Pinheiro Preto, retoma suas atividades



O município de Pinheiro Preto será novamente palco de uma das grandes encenações da Paixão de Cristo. O espetáculo coordenado pelo grupo “Amigos de São Pedro” conta com cerca de 60 atores, entre crianças, jovens, adultos e idosos que voluntariamente, gratuitamente e graciosamente oferecerão os seus talentos e serviços. A peça, escrita pelo padre Gilberto Tomazi, procura ser fiel aos textos bíblicos que falam da vida, morte e ressurreição de Jesus. A apresentação deverá acontecer na sexta-feira santa, a partir das 20 horas, no ginásio de esportes municipal.
reprodução

É de suma importância, especialmente para as novas gerações, aprender a reconhecer, valorizar e promover elementos culturais que expressam as raízes culturais e a riqueza espiritual de seu povo. Antônio Gramsci reconheceu a importância e a riqueza das manifestações da cultura popular. Ele disse que “nas manifestações da vida social e espiritual do homem comum há uma riqueza de ver, de pensar e de dizer, que nem a ciência e nem a política ainda exploraram devidamente.”
O Cristo crucificado e Maria (no caso brasileiro, especialmente, Nossa Senhora Aparecida) são dois símbolos centrais do catolicismo popular. Presentes em todas as comunidades católicas, nos fornecem um elo de ligação e unidade devocional, capazes de comunicar elementos verdadeiros da tradição cristã. O Jesus crucificado é encenado, pintado ou esculpido em terrível agonia. É um ser humano torturado e padecente. Essas imagens evocam sentimentos de identificação, solidariedade e compaixão.
Existem diversas versões artísticas da Paixão de Cristo. Em geral, elas expressam o sofrimento dos derrotados e sua esperança de justiça. Religiosa em expressão, conteúdo e experiência, a encenação da Paixão revela a esperança, a espiritualidade e a coragem dos cristãos espoliados, desprezados, violentados e sofredores. Nela aparecem valores culturais fundamentais que dão sentido à vida do povo. A encenação da Paixão de Cristo culmina com a sua ressurreição, apontando para a vitória da vida sobre a morte. A violência e a morte não são donas da última palavra.
Diferentemente do que a maioria dos canais de televisão prega, na paixão de Cristo aparece uma mística, uma espiritualidade do sofrimento e da cruz. Jesus crucificado é o próprio Deus que entrega sua vida pela vida do mundo, para que os violentados encontrem em Jesus a força para viverem dignamente, para construírem um Brasil melhor. Jesus sofredor é vítima dos violentos, dos poderosos e opressores. A crença na ressurreição transforma esta história de violências e inseguranças em promessa e esperança de vitória. Seguindo os passos de Jesus, os sofredores aprendem a lidar com a dor, a doença e os sofrimentos, não se desesperam, a aguentam até que for possível, e esperam contra toda a esperança. Na sua Paixão pela humanidade, Deus é misericordioso, perdoa os nossos pecados e assim nos anima a lutar ao lado das vítimas contra toda e qualquer forma de ódio, violência, opressão, discriminação, agressão e banalização da vida, e a construir um Brasil justo, fraterno, democrático e solidário.
Aos poucos, por meio de iniciativas tão fortes e significativas como a encenação da Paixão de Cristo, o próprio Deus vai sendo melhor conhecido. Ele passa a ser visto como um Deus paternal e maternal, familiar, encorajador, solidário, comunitário, altruísta com relação às vítimas, próximo, zeloso, compassivo. A morte de Jesus, seguida pela sua ressurreição, expressam exatamente o contrário do que parece à primeira vista. Ele não foi derrotado, mas venceu o diabo e todos os seus mecanismos que levam à violência e à morte. A sua vida doada até a morte e ressurreição é para todos nós fonte de esperança, festa que torna cada vez mais presente o Reino de Deus. Na Paixão de Cristo vivenciamos a integração das dimensões pessoal, comunitária e familiar da vida; onde razão, coração e ação, intimamente ligados, proporcionam sentido para a vida, alegria e vitória definitiva daqueles que temem a Deus e procuram diariamente fazer a sua vontade, vivendo de acordo com sua Palavra e seu Espírito libertador.
Pe. Dr. Gilberto Tomazi


Nenhum comentário:

Postar um comentário