sexta-feira, 7 de abril de 2017

Região: Médico que operou homem com haste transpassada na cabeça fala sobre o procedimento

O caso do homem de 34 anos que teve uma haste metálica transpassando sua cabeça após um acidente, ganhou grande repercussão. O fato aconteceu nesta quarta-feira, 05, em Tangará. A vítima trabalhava numa granja de frangos quando a haste, que suspendia uma peça usada para alimentar as aves, caiu e atravessou a cabeça dele. Milagrosamente o homem não morreu e foi levado para receber atendimento no hospital da cidade, sendo depois encaminhado à Joaçaba, onde passou por uma cirurgia no Hospital Universitário Santa Terezinha (HUST).
Após o procedimento cirúrgico, o paciente foi levado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da casa de saúde, onde permanece em coma induzido.
Na tarde desta quinta-feira o médico que atuou na cirurgia de extração da haste conversou com o Portal Éder Luiz. O Dr. Fabrício Molon da Silva, Neurologista, revelou que o homem chegou ao Hust com o objeto ainda na cabeça e que durante todo o tempo permaneceu consciente, conversando e mexia voluntariamente os braços e pernas, sem aparentar nenhuma sequela naquele momento.
“Tivemos que pedir ajuda do Corpo de Bombeiros para poder, na emergência mesmo, cortar a haste, pois era necessário para fazer a tomografia. Durante todo o tempo antes da cirurgia ele estava acordado, conversando”.
A cirurgia levou aproximadamente três horas e segundo o médico, foi surpreendente que não tenha havido qualquer lesão ao cérebro com o acidente.
“No centro cirúrgico tivemos que abrir em volta do crânio, retirar a parte óssea para poder tirar a haste sem trazer mais lesões para ele. O surpreendente é que essa haste atravessou, transfixou o cérebro e não pegou nenhuma artéria, nenhuma veia importante. Claro que lesionou a substância cinzenta, mas nenhuma parte importante, tanto que ele movimentava os membros normalmente”.
Além da retirada da haste, uma pequena cirurgia foi realizada na barriga do homem para poder guardar a parte óssea retirada do crânio.
“A parte óssea que retiramos do crânio não foi colocada de volta, foi guardada na barriga, para que o cérebro inchado não fique espremido contra o osso. A gente guarda o osso para depois poder usar de novo, por que desta forma ele fica nutrido pela própria circulação. É feita uma pequena cirurgia só para guardar o osso”.
Após os procedimentos o paciente foi colocado em coma induzido, devido ao risco de infecção e ao inchaço do cérebro, algo normal após um procedimento como esse.
“A nossa maior preocupação agora é com a infecção que vai causar. Estamos tratando com antibióticos e ele está em coma induzido para que o cérebro reaja com o trauma e que possa desinchar”. Ainda segundo o médico, o paciente deve permanecer por tempo indeterminado em coma induzido.
O Dr. Fabrício ressaltou a importância do homem ter sido levado ao hospital sem que ninguém tentasse retirar o objeto que estava em sua cabeça. Ele frisa que este é o procedimento correto em acidentes assim.
“Importante ressaltar que quando acontecer de um objeto transpassar qualquer parte do corpo, que ninguém tente retirar ele, por que as vezes no susto alguém pode fazer isso. Mesmo que seja na barriga, no tórax, nunca se deve tentar retirar, que vá para o hospital com aquele objeto, por que pode estar estancando uma veia e no momento que é retirado pode fazer alguma hemorragia”.
Finalizando a entrevista, o médico, que tem 40 anos de idade, revelou que já atendeu casos de ferimentos semelhantes na cabeça, mas que dessa forma foi o primeiro.
“Já tive casos de pacientes com foice na cabeça, uma serra circular que estourou e que pegou na cabeça, mas nessa forma foi o primeiro”.
Fonte: EderLuiz
Imagem: hust.org.br

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