O Texto Base da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016, do
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, a partir da fé em Jesus Cristo, propõe
uma reflexão sobre a realidade do saneamento básico no Brasil e pistas de ação
na perspectiva de propor e garantir políticas públicas e atitudes responsáveis
que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa Comum.
Nesta edição do jornal Vitória, você pode ler uma síntese da
primeira parte do Texto Base, onde aparece um Olhar para a Realidade (VER).
A reflexão parte do princípio de que Deus nos deu a terra, sistema vivo, rico em diversidade e complexo, do qual, nós, seres humanos, tiramos os meios necessários para nossa vida e somos responsáveis pelo cuidado e continuidade da vida desse mesmo sistema. O momento presente é preocupante. Grandes projetos econômicos estão ameaçando a vida desse sistema, dessa Casa Comum. A fé cristã nos leva a defender a vida dessa Casa comum, em toda a sua diversidade, e a construir um mundo mais justo e solidário.
A reflexão parte do princípio de que Deus nos deu a terra, sistema vivo, rico em diversidade e complexo, do qual, nós, seres humanos, tiramos os meios necessários para nossa vida e somos responsáveis pelo cuidado e continuidade da vida desse mesmo sistema. O momento presente é preocupante. Grandes projetos econômicos estão ameaçando a vida desse sistema, dessa Casa Comum. A fé cristã nos leva a defender a vida dessa Casa comum, em toda a sua diversidade, e a construir um mundo mais justo e solidário.
Todos os seres humanos têm o direito de verem satisfeitas
suas necessidades básicas. O saneamento básico é um desses direitos. Ter
saneamento básico significa ter melhor qualidade de vida e saúde. Esse direito
envolve o abastecimento de água potável, o esgotamento sanitário, a limpeza
urbana, o manejo de resíduos sólidos, a drenagem e o manego das águas pluviais
urbanas e, também, políticas públicas de habitação, proteção ambiental,
erradicação da fome e da pobreza, desenvolvimento social e humano, entre
outros. Esses serviços são essenciais à vida de todos os seres humanos e é
dever do Estado, todavia, para uma parcela significativa da população esses
direitos desde longa data foram negados.
No Brasil, as décadas de 1980 e 1990 foram consideradas
“décadas perdidas” do ponto de vista do saneamento básico, por não terem sido
feitos os investimentos mínimos necessários. Nos últimos anos houve melhorias
significativas nos serviços públicos de saneamento básico, porém, pesquisas
realizadas em 2013, demonstram que 18% da população ainda não tem acesso à água
tratada e metade da população não tem acesso à coleta de esgoto. A falta de
tratamento de esgoto e de água potável tem causado doenças diversas como
diarreia, cólera, hepatite, febre tifóide, entre outras, e tem levado à morte,
em média, 570 pessoas, na grande maioria crianças, todos os dias.
Os produtos líquidos não tratados e os resíduos gasosos
industriais, quando lançados na natureza, podem comprometer gravemente a saúde
pública. O efeito estufa, a destruição da camada de ozônio e as chuvas ácidas
estão causando doenças diversas como asma, enfisema, doenças pulmonares,
câncer, entre outras. Para que aconteça no Brasil um desenvolvimento
sustentável, é preciso um planejamento capaz de aliar avanço tecnológico com
proteção e segurança ambiental. Os sistemas de tratamento, a reciclagem dos
resíduos sólidos, a coleta seletiva do lixo, a busca de redução da produção de
lixo e o reuso de água aparecem atualmente como procedimentos promissores.
A situação é ainda mais precária no meio rural, pois neste
meio são bem mais altos os índices de pobreza extrema, de falta de canalização
e tratamento de água, de consumo de água contaminada, de falta de coleta de
resíduos sólidos, entre outros. A
construção de moradias e de cisternas de captação de água da chuva são exemplos
de pequenos avanços e conquistas populares da agricultura familiar camponesa.
Vale ainda ressaltar o aspecto da desigualdade no acesso aos
direitos relacionados ao saneamento básico, bem como de outros serviços
públicos como água, energia elétrica, moradia, transporte e saúde, entre
outros. Os mais pobres, os que vivem nas periferias das cidades, os que vivem
em regiões mais distantes dos grandes centros urbanos, os indígenas, os afrodescendentes,
as crianças, os que vivem em acampamentos rurais ou ocupações urbanas são os
que mais sofrem pela ausência ou pela falta de políticas e serviços públicos.
Todavia, de acordo com as premissas internacionais dos direitos humanos, privar
grupos de pessoas de serviços básicos, fundamentais à vida, constitui crime e
agressão à humanidade.
Todas as pessoas são responsáveis e devem colaborar para a
defesa da saúde e a melhoria da qualidade de vida das pessoas e do meio
ambiente. Manter a casa sempre limpa, não deixar o esgoto a céu aberto, ter
água encanada e de boa qualidade, cuidar das nascentes de água e evitar
contaminar as águas com produtos poluentes e químicos, diminuir e reciclar o
lixo produzido são exemplos dessa responsabilidade comum.
Os governantes têm a obrigação de melhorar a legislação e
garantir a sua aplicação cuidando da conservação dos reservatórios de água, de
uma rede eficiente de distribuição a todos, oferecendo serviços de saneamento e
de proteção do meio ambiente, no objetivo de proporcionar uma saúde pública da
melhor qualidade possível. Cada município deve elaborar o seu Plano Municipal
de Saneamento Básico, de forma participativa, envolvendo assim toda a população
local. Este Plano deve ser revisto e atualizado a cada quatro anos, até que
todos tenham uma vida saudável.
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