Campanha de Anastasia não mostra relação com tucano, enquanto Pimentel tenta colar na ex-presidenta
Dilma Rousseff (PT) é candidata ao Senado por MG, Aécio Neves (PSDB) tenta o cargo de deputado federal / Reprodução |
Há quatro anos, Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) travavam uma das mais duras disputas pela presidência da República. Na mesma época, seus respectivos aliados em Minas, o tucano Antonio Anastasia e o petista Fernando Pimentel, venciam com relativa facilidade as eleições de outubro de 2014, para senador e governador, respectivamente. Agora, a presidenta e seu principal adversário cumprem papéis opostos no pleito de 2018.
Aécio e Anastasia
Além de serem do mesmo partido, os dois tucanos há tempos estabelecem uma estreita colaboração no estado. Anastasia foi secretário de Aécio em seu primeiro mantado como governador (2003-2007) e vice-governador no segundo mandato (2007-2010). Em 2010, Aécio candidatou-se ao Senado, enquanto seu aliado e vice disputava o governo de Minas. “Amigo que é amigo, a gente confia. Eu quero Aécio, quero Anastasia. Ele sabe o que é progresso, ele é professor. Aécio aprova Anastasia pra governador”, cantava o músico André Valadão em jingle de campanha.
Em 2014, então presidente do PSDB, Aécio Neves foi candidato ao governo federal e Anastasia fez campanha para ele em Minas, ao mesmo tempo em que concorria ao Senado. Aécio foi derrotado no segundo turno por Dilma Rousseff, que depois seria deposta em processo do qual Anastasia foi relator no Senado. Os dois – bem como seu aliado, o senador Zezé Perrela (MDB) - votaram juntos pela saída de Dilma, ajudando Temer (MDB) a chegar à presidência.
Em 2017, a carreira de Aécio sofreu uma reviravolta. A Polícia Federal vazou conversas do tucano com aliados políticos, levantando a suspeita de condutas ilícitas. Eram conversas com sua irmã, Andrea Neves, o empresário Joesley Batista, o ex-governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), e Perrella, entre outros. “A sua [campanha] foi financiada exatamente como a minha e do Anastasia”, disse Aécio a Perrella, em uma das ligações grampeadas.
O escândalo não levou à cassação ou condenação do dirigente do PSDB, mas prejudicou sua imagem. Além disso, os irmãos Neves tornaram-se réus no Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva e obstrução de Justiça, acusados de pedir propina de R$ 2 milhões a Joesley. Aécio não candidatou-se à reeleição no Senado, mas a deputado federal, cargo considerado menor para um ex-governador.
Aécio não compareceu ao lançamento da candidatura de Anastasia, no dia 14 de maio, na convenção de seu partido. “Trabalhei com o Aécio como secretário de estado, vice-governador e fizemos muitas ações por Minas Gerais, e muito foi feito. Agora a circunstância é outra, diferente daquele período. Minha eventual administração será inovadora. Ele faz campanha a deputado federal e eu faço campanha ao governo “, disse Anastasia, em entrevista à Rádio Super, após ser perguntado sobre a relação com seu correligionário.
Dilma e Pimentel
Por outro lado, a estratégia de campanha do governador Fernando Pimentel (PT) é aproximar-se da presidenta Dilma Rousseff (PT), candidata ao Senado por Minas. Depois que ela foi afastada sem crime de responsabilidade, sua popularidade e do ex-presidente Lula têm crescido na razão direta do fracasso do governo Temer.
Pimentel, por sua vez, sofre desgaste político, em função da crise financeira do estado, e tem recebido críticas de alguns de seus aliados. Ao disputar a reeleição ao governo de Minas, ele tenta nacionalizar a campanha, explorando o tema do golpe e suas consequências na vida dos mineiros. Não por acaso, Pimentel e Dilma subiram juntos ao palanque na terça-feira (28), em Belo Horizonte, durante ato pela candidatura de Lula.
“Minas é o estado mais parecido com o Brasil, um estado rico, com uma população mais pobre do que deveria ser. O Brasil é assim, rico, com uma população empobrecida desnecessariamente. Eu vim aqui lutar por Minas e pelo Brasil”, declarou a presidenta, durante a manifestação.
Brasil de Fato
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