sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Jovens são grupos mais vulneráveis ao suicídio

Reprodução



O Brasil registrou 11.433 mortes por suicídio em 2016. A informação faz parte do segundo boletim epidemiológico divulgado nesta quinta-feira (20) pelo Ministério de Saúde no mês de conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio, “Setembro Amarelo”.

Fátima Marinho, diretora do Departamento de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis e Promoção da Saúde (DANTPS), estima que o número pode ser 20% maior devido a subnotificação dos registros. Os dados apresentados coletados são do Instituto Médico Legal e boletins policiais, mas há registros de mortes que são classificadas como não determinadas, não sendo possível afirmar se foi um acidente ou algo intencional para por fim à vida.

Apesar do governo estimar uma subnotificação de 20% dos casos de suicídio, esta já é a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, sendo a terceira causa de morte entre os homens e a oitava entre as mulheres. É o que indica o segundo boletim divulgado pelo governo. Em 2015, o levantamento mostrou a ocorrência de 11.178 mortes, já em 2016 foram 11.433 registros, conforme o boletim divulgado na quinta-feira (20).

Em 2016, a taxa de mortalidade por suicídio no Brasil foi 5,8 casos a cada 100 mil habitantes. Em 2007, a proporção era 18% menor, 4,9 mortes a cada 100 mil habitantes.

No recorte raça e cor, os indígenas correspondem ao grupo com maior risco. Entre 2011 e 2015, a média da taxa de mortalidade por suicídio para cada 100 mil indígenas foi de 15,2. Taxa quase três vezes superior a de brancos, que foi de 5,9, e negros 4,7. Chama atenção que a concentração de mortes nas populações originarias teve maior incidência entre jovens de 10 e 19 anos.

Intoxicação

Com relação às formas utilizadas, o enforcamento representa 60%, seguido por intoxicação exógena (18%), como envenenamento, abuso por medicamentos e outras substâncias. Mesmo em percentual menor, a intoxicação corresponde a mais da metade das tentativas de suicídio notificadas no país, sendo as mulheres as que mais a utilizam. Entre os homens foi verificado que aqueles que têm maior contato com agrotóxicos e raticidas acabam por utilizá-los.

De 2007 a 2017 foram registradas 153.745 tentativas de suicídio, 76% eram mulheres abaixo dos 40 anos. São elas também que iniciam mais cedo, na faixa entre 10 a 15 anos e tende a diminuir a partir dos 45 anos. O inverso do que ocorre com os homens, a tendência das tentativas foi observada na fase mais madura, entre 50 anos e 65 anos. 

A diretora do DANTPS explica que as tentativas de suicido por intoxicação, no período de 11 anos, resultaram em 12 mil internações por ano no SUS, a um custo médio de R$ 3 milhões anuais.

“Então, poderia criar 8 CAPS ao ano e mantê-los ao custo da internação, o que eu gasto com essa internação por autointoxicação. O que a gente está tentando mostrar é que eu poderia investir mais na prevenção, que iria me reduzir custo de hospitalização. Eu teria muito mais efetiva a minha política”.

Das regiões com maior notificação de tentativas por intoxicação a Sudeste representa 49%, e a Sul 25,1% – onde se concentra a maior taxa de suicídios do País. 

Contudo, a diretora declara que a taxa de mortalidade por suicídio em alguns estados das regiões Norte e Nordeste, entre os anos de 2007 e 2017, são preocupantes. Rondônia (120%), Maranhão (58,8%) e Piauí (48,8%) foram os estados com maior incidência de suicídios entre os homens. Já os estados do Amazonas (88,3%), Rondônia (65,5%) e Alagoas (45,8), as ocorrências são maiores entre as mulheres.

Prevenção

De acordo com o coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Quirino Cordeiro, a pasta irá investir R$ 6,5 milhões para ações de prevenção. Do montante, R$ 4,5 milhões será destinado ao desenvolvimento de pesquisas sobre o risco de suicídio em pessoas vivendo com HIV. O coordenador explicou que serão selecionados 10 projetos, por meio de edital público a ser lançado em outubro, para novas pesquisas sobre o tema.

Cordeiro informou também que serão destinados R$ 4 milhões para a realização de projetos nas Redes de Atenção Psicossocial (RAPS), nas capitais de Manaus (AM), Campo Grande (MS), Boa Vista (RR), Teresina (PI), Porto Alegre (RS) e Florianópolis (SC), consideradas prioritárias devido ao alto índice de suicídio.

No final do primeiro semestre deste ano, as ligações para o Centro de Valorização da Vida (CVV) passaram a ser gratuitas em todo o país, após convênio assinado pelo Ministério da Saúde. O serviço está disponível por meio do telefone 188. Todas as ligações são sigilosas.

por Lilian Campelo

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