A Secretaria Nacional de Combate ao Racismo da CUT promoveu nos dias 22 e 23 de julho, em Brasília, um Seminário para debater a temática racial a partir da perspectiva dos trabalhadores, com vistas a construir propostas e diretrizes a serem apresentadas pela militância CUTista nas conferências municipais, regionais e estaduais preparatórias à III Conferência da Promoção da Igualdade Racial (Conapir) marcada para novembro.
Com a participação de vários ramos da Central e das CUTs estaduais, o Seminário foi dividido em duas partes. O primeiro momento, de caráter expositivo, focou no debate sobre o/a negro/a no mercado de trabalho.
Estudos comprovam que apesar das melhorias conquistadas no último período, ainda persistem as diferenças entre negros e não negros no mundo do trabalho.
Seminário aponta diretrizes para a III Conapir
Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) com dados relacionados ao ano de 2010 mostra que a taxa de desemprego total entre as trabalhadoras negras foi de 16,9% - mais que o dobro da taxa masculina dos não negros (8,1%).
Em relação à questão salarial, onde a desigualdade é mais visível, dados do Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil elaborado pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) expõem que o salário médio dos homens brancos em todo país representava, em 2006, um valor 98,5% superior ao dos homens negros e pardos.
Maria Julia Nogueira, secretária nacional de Combate ao Racismo da CUT, concorda com os inegáveis avanços consolidados nos últimos anos, como a criação da Secretaria da Promoção da Igualdade Racial, a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, a inclusão do ensino da história africana nas escolas, as cotas nas universidades, porém ainda há muito por se fazer para superar o abismo social e racial existente no País.
“No mercado de trabalho vemos uma grande diferença salarial. Ainda não conquistamos a isonomia entre trabalhadores/as negros/as e não negros/as que desempenham a mesma função e possuem as mesmas atribuições. A participação de negros e negras no sistema bancário ainda é muito pequena, assim como nos cargos de direção das empresas. Quando você pretere um trabalhador por conta da sua cor da pele isso se constitui uma discriminação. Portanto, é uma série de questões que precisam avançar na luta contra o preconceito e a desigualdade racial”, apontou Julia.
Participação na Conferência Nacional – a partir de três tópicos principais (saúde, educação e mercado de trabalho), os participantes aprofundaram o debate sobre a III Conferência Nacional da Promoção da Igualdade Racial (Conapir) no sentido de construir propostas da classe trabalhadora a serem apresentadas e defendidas durante as conferências preparatórias.
Toda reflexão para construção das propostas, destaca Julia, está voltada ao Estatuto da Igualdade Racial sancionado em 2010, mas que vários de seus artigos ainda necessitam ser regulamentados.
As Conferências Estaduais começam no dia 7 de agosto e prosseguem até 31 do mesmo mês. A Secretaria Nacional de Combate ao Racismo está trabalhando na sistematização dos apontamentos deliberados nos trabalhos em grupos e que serão divulgados posteriormente na página da CUT.
Dirigentes da Central e representantes do movimento negro discorrem sobre os desafios no combate a desigualdade racial
“Foram importantes contribuições ao debate, de setores onde há maior incidência da desigualdade e preconceito, como jovens, mulheres, trabalhadores domésticas, onde pudemos reiterar a importância do movimento sindical trabalhar nas parcerias com o tradicional movimento negro”, assinalou Maria Julia.
O Seminário foi organizado pela Secretaria Nacional de Combate ao Racismo da CUT em conjunto com a FES (Friedrich Ebert Stiftung) e colaboração do Dieese.
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