Os novos casos de milhares de abelhas mortas, agora no Planalto Norte de Santa Catarina, alertaram apicultores e autoridades no Estado que é um dos maiores produtores de mel do País e o primeiro no ranking de exportação do produto.
O deputado Padre Pedro Baldissera, que mantém contato com associações, técnicos e famílias que atuam no setor, abordou o tema no plenário da Assembleia Legislativa, na tarde desta quarta-feira (6). O caso foi tema de reportagem da Rede NSC, que entrevistou produtores e o presidente da Federação das Associações de Apicultores de Santa Catarina (Faasc), Almir Oliveira.
Conforme o parlamentar, amostras do mel e dos favos já foram enviadas para a Cidasc com o objetivo de identificar a causa do problema. “Nós levamos este tema ao parlamento também como um pedido de apoio ao setor, que hoje têm mais de 9,7 mil produtores em Santa Catarina. E, para além de uma questão econômica, é um tema ambiental muito delicado”, explicou Padre Pedro, que lembrou a escolha do mel catarinense como um dos melhores do mundo e a alta produtividade alcançada no Estado.
Mais de 200 apicultores atingidos
Cinco cidades do Planalto Norte registraram mortes de abelhas, atingindo mais de 200 apicultores que exportam praticamente 90% de sua produção. Apenas um apicultor perdeu 150 colmeias, num total de 3 toneladas, com prejuízo de R$ 50 mil. “A preocupação destes produtores é redobrada em razão da certificação, já que boa parte da produção é exportada”, observa o parlamentar.
O temor dos produtores é uma eventual contaminação por agrotóxicos, situação já verificada em outras regiões do País. A Faasc está orientando que os produtores registrem boletim de ocorrência, procedimento também adotado em outras regiões que enfrentaram o mesmo problema.
Produção catarinense é destaque
A safra 2016/17 registrou a maior produtividade do setor no Estado, com mais de 8,2 mil toneladas de mel – a média fica em torno de 6 mil toneladas. A produtividade das colmeias catarinenses também é destaque, em torno de 22kg por unidade, enquanto no Brasil é de 10kg.
“Nós vamos aguardar a análise pela Cidasc e os encaminhamentos dos nossos técnicos da Epagri, no entanto, apelamos novamente a este parlamento para a importância da atenção com o setor apícola, que representa não só a renda e o trabalho de milhares de agricultores, mas também nossa própria sobrevivência como seres humanos”, complementou Padre Pedro.
Cerca de 2/3 da alimentação humana depende, direta ou indiretamente, da polinização por insetos. O mundo enfrenta hoje uma perda de mais de 60 bilhões de dólares por causa da deficiência na polinização das plantas cultivadas.
O valor anual global dos serviços ambientais prestados pelas abelhas na polinização de alimentos para o homem ultrapassa 153 bilhões de euros. Em muitos casos, como no Rio Grande do Sul e na região Centro Oeste do País, foram confirmados casos de contaminação e morte em razão da utilização de agrotóxicos, no entanto, ainda não há confirmação sobre o que causou o problema no Planalto Norte. A situação, contudo, serve de alerta neste momento em que o governo brasileiro propõe a liberação de agrotóxicos proibidos na Europa e nos Estados Unidos exatamente em razão da letalidade para as abelhas.
Assessoria de comunicação
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