Considerado símbolo de resistência, o jornal Comunitário construído por jovens da roça e das periferias, no Extremo-oeste Catarinense, chegará a sua quinta edição no próximo mês, carregado de sonhos e de vontade de mudança
Criar um meio de comunicação popular, que traz na sua essência os dizeres da classe trabalhadora, tão sofrida, excluída por esse sistema que fere a vida, não é fácil. São Muitos os enfrentamentos que as Juventudes da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR) do Extremo-oeste Catarinense e que estiveram reunidas no domingo, dia 22 de novembro, têm vivenciado por acreditarem na transformação social e em uma comunicação libertadora.
O Jornal Comunitário, assim denominado, é construído por estes jovens organizados. No mês de dezembro, chegará a sua quinta edição carregado de sonhos, de entrevistas, de vontade de mudança. A cada período de edição, colunistas e novas gentes que se dispõe a escrever sobre suas realidades colorem as páginas deste “pequeno” meio que faz refletir e dá visibilidade aos dizeres ‘esquecidos’ pelo plano midiático tradicional.
Ao falar no Jornal Comunitário, recorda-se também de um contexto histórico, onde a necessidade de falar sobre as lutas fez surgir, aos poucos, este instrumento de comunicação. “Iniciamos a produção de um jornal ainda no Curso Realidade Brasileira, em 2010. Algo simples, uma página para falar especificamente sobre a realidade da turma”, recorda Pedro Alves Pinheiro, Militante da PJMP.
O Comunitário
No ano de 2013, o coletivo PJMP\PJR reuniu-se e discutiu efetivamente a construção de um meio para que as juventudes empobrecidas da roça e também das periferias pudessem falar sobre as suas realidades, questionando ao mesmo tempo as injustiças e o sistema que oprime tanto essa grande parcela da população, que apesar de trabalharem muito, vivem a mercê de políticas públicas e da ‘boa vontade’ dos opressores.
A primeira edição do Comunitário foi distribuída em 2013, com o fortalecimento deste coletivo e da Associação Paulo Freire de Educação e Cultura Popular (Apafec) de Fraiburgo\SC, que tem parte fundamental nesse processo. No próximo mês de dezembro, a quinta edição será levada até as mãos dos trabalhadores e trabalhadoras do campo, da cidade, das periferias onde os jornais comerciais da região não chegam.
Para o Jovem Eliezer Antunes de Oliveira, militante da PJMP, as redes sociais são importantes, porém, o Comunitário consegue abranger aquelas populações que ainda não têm acesso ou possuem dificuldade em acessar a internet para acompanhar as lutas e conquistas das pastorais, movimentos populares e de outros povos do Brasil. “É um jornal que expressa as nossas realidades, que mostra o campo e a cidade com um outro olhar”, comenta.
E assim, o Comunitário vai sendo conduzindo, com todas as dificuldades mas principalmente, com a resistência de jovens que lutam para construir um meio onde caibam todas as diferenças. Entendendo que ainda há muito que ser melhorado, o caminho do Comunitário só poderá continuar se as mãos e olhares dessa juventude formarem um só coletivo de vida e luta pela libertação comunicacional.
Texto e Fotos: Claudia Weinman PJMP\PJR-SC
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