Aula com violão, projeto de extensão contra macetes e aulas de revisão são algumas das ações para estimular o gosto dos alunos pela matéria
Professora Ranúzy quebra o gelo na primeira aula de geometria analítica: voz e violão para o encantamento (Foto: Divulgação/IFC Luzerna) |
(15/03/16) LUZERNA/SC – Primeira fase do curso de Engenharia de Controle e Automação. Estamos no Instituto Federal Catarinense (IFC) Campus Luzerna. Primeira aula com a professora Ranúzy Borges Neves. A docente entra na sala. Em um dos braços, o material básico: livro, caderno, caneta, anotações. No outro, um violão – e seja bem-vindo à disciplina de Geometria Analítica.
Vai começar o processo de encantamento entre os estudantes e a matemática. Nada de apresentações bobas de primeira aula: aqui a professora entrega a letra de uma paródia da músicaGostava tanto de você, do Tim Maia. Com voz e violão, Ranúzy desarma qualquer rejeição às ciências exatas. Ah, sim: os estudantes precisam dizer o que de mais legal fizeram nas férias e em que parte a matemática foi utilizada – o dinheiro para as compras, a distância nas viagens, a quantidade de combustível utilizado etc.
Depois, com uma folha de jornal, os futuros engenheiros devem construir um objeto qualquer. A professora quer saber: cadê a geometria na figura? Debates e opiniões divergem e se encontram. Volta o violão, a cantoria e a matemática. Vale tudo para espantar tabus e pré-conceitos. Ranúzy também se fantasia de matemáticos gregos para introduzir o conteúdo a ser trabalhado. Mais paródias? Só acessar o canal da professora no YouTube.
Da geometria passamos para álgebra. Desta vez com a professora Katielle de Moraes Bilhan. Em 2015, depois de identificar que os alunos estavam se queixando de que determinados macetes não resolviam certas questões nas aulas da graduação, foi criado o projeto de extensão “Álgebra presente nos cálculos da engenharia”. O objetivo era mostrar aos estudantes a construção lógica por trás de cada macete – aqueles tão difundidos no ensino básico.
Acadêmica de Engenharia de Controle e Automação, a aluna Amanda da Rosa embarcou no projeto, construindo uma apostila que desvenda as teorias por trás de cada um dos macetes. Além de confeccionar o material, também participou de algumas aulas dos calouros de Engenharia Mecânica, auxiliando as turmas. “O pessoal da graduação sempre entra no curso com muitas dificuldades nas matérias de cálculo. O projeto de extensão me ajudou muito a conhecer as propriedades que eu deveria ter utilizado”, conta Amanda.
O IFC Campus Luzerna trabalha também com a oferta de cursos técnicos integrados ao Ensino Médio. Como ninguém merece aquele papo de “dividir uma pizza em tantos pedaços, como uma e sobram tantas”, Katielle deu um novo sentido para o assunto. “Fizemos uma atividade de revisão de frações e números decimais. Convidamos a servidora Angella de Mendonça para ensinar os numerais em Língua Brasileira de Sinais. Apresentamos também as frações em Braile.”
Outra professora do IFC, Soyara Biazotto, coordena o projeto “Qual é sua dúvida?”, junto com demais docentes do campus. “A ideia surgiu da procura dos alunos da graduação, principalmente daqueles que reprovaram em disciplinas como Cálculo e Física. A ideia é retomar aquela matemática da educação básica (ensino fundamental e médio)”, conta. O projeto inicia neste semestre, com 2 horas/aula por semana no turno noturno. As datas das aulas e os temas abordados já estão programados. As inscrições para os alunos do IFC estão abertas na Secretaria Acadêmica.
Quebrando tabus
“Precisamos quebrar a ideia da matemática como uma receita de bolo, trabalhando de forma integrada a outras disciplinas ou mesmo junto ao cotidiano dos alunos”, fala a professora Katielle. “Um exemplo é a função de segundo grau, também conhecida por parábola. É um conteúdo de 8ª série, Ensino Fundamental. Os alunos chegam dizendo que aquilo não serve pra nada.”
Refletindo sobre isso, a docente abordou o assunto da seguinte forma: em uma excursão de ônibus, a função lucro, com base no número de poltronas vendidas ou não, pode ser reescrita como uma função de segundo grau. “Ou seja: ao invés de trazer o conteúdo da forma tradicional, aplicamos a função no problema de exemplo”, diz.
Para a professora Soyara, no caso do ensino superior, a impressão geral é de que os problemas estão na base, lá no Ensino Médio e Fundamental. “Acredito que seja uma das principais causas de reprovação. No Ensino Médio Integrado que ofertamos aqui no IFC estamos tentando recuperar essas deficiências assim que o aluno ingressa na instituição”, explica.
Soyara afirma que no caso das engenharias não há tanto preconceito com a matéria, pois ao entrarem no curso os estudantes sabem que as disciplinas da área ocupam boa parte do currículo. Na educação básica já é mais complicado. “Eles já vêm com a ideia de que é muito difícil”.
Nas duas últimas edições da Olimpíada Brasileira de Matemática, vários alunos do IFC Luzerna foram contemplados com medalhas e menções honrosas. “O papel do professor é de tentar transmitir o conteúdo da maneira mais simples e acessível, mas sem baixar o nível do ensino que é oferecido”, completa Soyara. Ao que tudo indica, o IFC está no caminho certo.
Coordenação Especial de Comunicação - CECOM
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