Um projeto de lei apresentado na Assembleia Legislativa pretende criar, em 3 de outubro, o Dia Estadual da Agroecologia em Santa Catarina. A exemplo de outras matérias semelhantes, como a que criou o Dia Estadual do Vinho (primeiro domingo de junho), a proposta busca abrir espaço ao debate sobre o modelo agroecológico e incentivar a realização de eventos que aproximem a sociedade catarinense da agroecologia, desde feiras até campanhas nas escolas.
A proposta também foi enviada a associações, cooperativas e a representantes do setor, para que participem das discussões em torno dos detalhes da articulação junto ao Governo do Estado.
“Com o Dia do Vinho, que conseguimos aprovar em 2009, nós mobilizamos o setor vitivinícola de todo Estado, e abrimos o espaço, aqui na Assembleia e na imprensa, para a cadeia produtiva da uva e do vinho alcançar a sociedade. O que queremos é um caminho semelhante para a agroecologia, com mostras, feiras, atividades culturais em escolas. Enfim, o Dia da Agroecologia é um elemento num conjunto de medidas que o setor espera”, explica o autor da proposta deputado estadual Padre Pedro Baldissera (PT).
Na justificativa da matéria, o parlamentar defende que a data, acima de tudo, busca “assumir a importância da atividade como política pública de Estado”, que merece investimento e garante retorno positivo.
A data, 3 de outubro, marca o nascimento de Ana Maria Primavesi, precursora da agroecologia no Brasil. “Queremos referenciar a importância da agricultura sustentável e agroecológica em SC, um estado com características sócio-fundiárias que apontam para a crescente preferência, especialmente entre a agricultura familiar, pela agroecologia”, complementa Padre Pedro, lembrando que não é por acaso o grande número de pesquisas na área, articulando PhDs, doutores, mestres, alunos, além de extensionistas e famílias da agricultura.
Para o deputado, a desinformação da sociedade em relação aos modelos de produção prejudica a capacidade de avaliação da população, que muitas vezes defende uma forma de agricultura danosa à natureza, à própria sociedade, e às famílias de agricultores. “Queremos a difusão de dados de pesquisas científicas, e o envolvimento neste processo das universidades, associações, cooperativas, de agricultores que trabalham no setor”, afirma o parlamentar.
Sinônimo de saúde
A agroecologia é sinônimo de saúde, tanto para os agricultores como para os consumidores. Estima-se que atualmente quase 3,5 mil famílias de pequenos agricultores cultivam produtos orgânicos em Santa Catarina. A merenda escolar orgânica atende mais de 56 mil crianças em mais de 100 escolas básicas estaduais.
As universidades públicas e privadas já possuem linhas acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão em agroecologia e executam importantes projetos na área, beneficiando diretamente a sociedade.
Porém, muito ainda precisa ser feito para o maior desenvolvimento do setor. Um documento contendo 20 ações e políticas fundamentais à agroecologia foi aprovado no VI Seminário Estadual de Agroecologia, em Pinhalzinho (SC), entre os dias 23 e 24 de maio deste ano. Mais de 2,5 mil pessoas participaram de painéis, palestras, debates, oficinas e visitas a experiências agroecológicas.
Entre os pontos deste documento, estão a necessidade de subsídios públicos para a produção agroecológica e para agricultores em processo de transição para a agroecologia e a criação do programa para pagamento de bolsa para estimular os jovens agricultores agroecológicos a permanecerem no campo.
Quem foi Ana Primavesi
Nascida na Áustria, em 1920, a engenheira ambiental Ana Maria Primavesi, hoje aposentada, foi professora da Universidade Federal de Santa Maria. Fundadora da Associação da Agricultura, Ana é autora de diversos livros, dentre os quais aquele que é considerado a obra de referência nas ciências agrárias, "Manejo ecológico do solo: a agricultura em regiões tropicais". Durante sua brilhante carreira, recebeu diversos prêmios como o One World Award do International Federation of Organic Agriculture Movements, além de títulos doctor honoris causa em diversas universidades brasileiras.
“Graças a esta mulher, o solo passou a ser compreendido como um organismo vivo e com diversos níveis de interação com a planta”, destaca o parlamentar na justificativa do projeto.
fonte:Assessoria de Impensa
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