foto: Cássio Turra |
A sessão solene que lembrou os 100 da Guerra do Contestado, na terça-feira (17), na Assembleia Legislativa, teve diversas homenagens, mas uma delas chamou a atenção pelo vigor e pela memória histórica que representa. Rosalina Cristina Pereira, 107 anos, de Videira, foi testemunha da guerra, na qual o pai e os tios se envolveram diretamente, como soldados camponeses seguidores do monge João Maria. Ela participou da sessão e emocionou quem esteve no Auditório Antonieta de Barros.
A indicação foi feita pelo deputado Padre Pedro Baldissera (PT) e acatada pelo propositor da sessão, deputado Antonio Aguiar (PMDB). “É emocionante ver a força dessa mulher e o depoimento que ela tem para dar. A Guerra do Contestado foi um conflito sangrento, que mostrou como os poderosos podem, de uma forma totalmente desumana, dizimar milhares de pobres, apenas por seus interesses financeiros”, disse o parlamentar.
Rosalina mistura as lembranças do período com os depoimentos de parentes que vivenciaram a guerra. “Meu pai se vestiu de mulher e fugiu para não ser morto. Na época falavam que os soldados, junto dos capangas, jogavam as crianças para o ar e as degolavam antes de caírem no chão. Foi algo muito injusto com as pessoas pobres da região”, disse, emocionada.
O conflito
A Guerra do Contestado ocorreu entre outubro de 1912 a agosto de 1916. Os camponeses, já abandonados pelo governo brasileiro há décadas, viram suas terras serem doadas a madeireiros e à Soutern Brazil Lumber, o que acirrou os conflitos.
Apesar da luta dos camponeses seguidores do monge João Maria, que acreditavam ser a disputa uma “guerra santa”, eles foram dizimados pelas tropas federais, com o apoio das corporações que, durante muitos anos, exploraram a região e relegaram milhares de pessoas à pobreza e ao esquecimento.
fonte:Cássio Turra
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