Fotos: Comunicação MPA |
A abertura oficinal do I Congresso Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), em São Bernardo do Campo, São Paulo, foi realizada na manhã do dia 13 de outubro, na presença de mais de quatro mil pessoas vindas de diferentes estados e países. A mística que marca o processo histórico de luta contra os Agrotóxicos, pela Soberania Alimentar, construção do Plano Camponês aliada a formação de uma grande aliança camponesa e operária para toda América Latina, foi preparada pelo estado do Nordeste.
Conforme Rafaela Alves, da Direção Nacional do MPA, a mística foi dividida em momentos. O primeiro deles, destacando as lutas históricas de indígenas e negros. “As primeiras lutas aconteceram pelas mãos desses povos e nós procuramos mostrar na mística, além da resistência, a cultura, as danças, o seus jeitos de ser”.
O segundo momento, trouxe para o centro do Congresso, cartazes mostrando as lutas históricas como a dos Palmares, Canudos, Balaiada, onde foi ressaltada a importância de se fazer resistência aos confrontos que atingiram e marcaram o povo. “Os opressores, a burguesia, querem que a gente esqueça a nossa história mas nós insistimos em retomá-las sempre que necessário, ou seja, todos os dias”.
Outro ponto marcante da mística destacado por Rafaela, foi a apresentação do hino das ligas camponesas que tem sido, conforme ela, resgatado para o cenário nacional da organização. “Este hino foi escrito por Francisco Julião, dirigente das ligas camponesas em 1960 e traz no seu contexto a necessidade de libertação dos oprimidos e oprimidas do mundo”, enfatiza Rafaela acrescentando ainda, a participação do Maestro Geraldo, o qual foi responsável pela criação da melodia do hino.
A presença dos lutadores e lutadoras do povo, Carlos Augusto Marighlla, Anacleto Julião, Clodomir de Morais, Geraldo Menucci, Davina, Paulo Aparecido Silva Gayres e José Maria Rangel que conduziram a marcha durante a finalização do momento místico, trouxe emoção e simbolismo ao I Congresso Nacional do MPA. “Celebramos junto a eles\as, a Aliança Operária e Camponesa, junto as nossas bandeiras, símbolos, alimentos saudáveis. Crianças, operários\as e camponeses\as trocaram entre si seus simbolismos de trabalho, de vida, e assim, encerramos a mística cantando o hino do MPA e em seguida, ‘Ordem e Progresso’, além de entregarmos uma placa de reconhecimento aos lutadores e lutadoras representados, como sinal de reconhecimento”.
Continuidade da luta
Entre as falas realizadas durante o momento místico, destaca-se a saudação feita por Anacleto Julião, filho de Francisco Julião, o qual ressaltou a importância de fazer resistência ao processo capitalista, que condena e oprime a classe trabalhadora, formada por homens e mulheres do campo e da cidade. “Carrego grande emoção neste congresso, ao perceber que a luta feita no passado só é válida porque hoje existem pessoas, organizações dando continuidade. Precisamos acreditar nas juventudes, na Reforma Agrária, na luta assumida historicamente pelas ligas camponesas”, disse.
Outro elemento foi destacado por Carlos Augusto Marighella, filho de Carlos Marighella, e diz respeito a luta pela terra, a soberania, a produção saudável de alimentos. “Fazer da luta pela terra nossa inspiração para a vida, isso é o que nos move. Valeu muito a pena ter chegado até aqui e ver essa vontade que todos\as demonstram para lutar. Que esse momento, que esse encontro, seja uma grande inspiração para que possam continuar lutando”.
Texto: Claudia Weinman PJMP\PJR-SC
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