Embora as empresas brasileiras não tenham condições de enfrentar as chinesas numa disputa de preços, devem abrir os olhos para as oportunidades de vender produtos de alto valor agregado aos asiáticos, concluíram os integrantes da missão brasileira comandada pela Federação das Indústrias (FIESC), que está na China. O vice-presidente regional da entidade Gilberto Seleme, que lidera o grupo formado por 69 empresários, relata que os primeiros contatos realizados em Pequim com representantes da Embaixada do Brasil e da Agência de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex) evidenciaram as profundas mudanças em curso na economia da China, com o estímulo do governo ao consumo interno.
Entre 2015 a 2020, a China se tornará o maior mercado de consumo de luxo do mundo. "Ainda em outubro, uma delegação composta por oito grandes empresas brasileiras do setor de calçados estará aqui. Apesar de ser um importante exportador do produto, principalmente para o Brasil, a China tem importado itens do segmento com alto valor agregado. A missão está deixando muito claro aos empresários participantes de que é necessário estar atento a essas oportunidades", relata Seleme, acrescentando outro dado apresentado pelas autoridades brasileiras no país asiático: a China é o maior importador de vinhos do Brasil.
Conforme estudo da Apex, a classe média chinesa, formada por cerca de 300 milhões de pessoas, abre um leque de oportunidades para a exportação de produtos de vestuário, joias e calçados de alta qualidade. Ainda conforme a pesquisa, a estratégia para ingressar no país deve ser por meio de nichos de mercado.
O esforço da China para mudar a imagem de país poluidor e buscando a produção sustentável ficou evidente na primeira visita técnica realizada pelos empresários brasileiros. O grupo, integrado por representantes de sete estados, esteve na Beijing New Energy Vehicle, indústria automotiva que integra um dos maiores grupos que investem em energia renovável. A companhia, que tem como principal cliente o governo chinês, lançou recentemente uma frota de carros elétricos para testes.
A unidade visitada, com 500 funcionários, tem linhas de montagem para três modelos. Além disso, outras unidades fabris da mesma companhia, que ao todo emprega 60 mil trabalhadores, fabricam componentes como motores, chassis e baterias. Para evitar desperdício, a unidade trabalha apenas conforme demanda e, quando não há pedidos, interrompe a produção. O vice-presidente, Zhou Yang, disse aos empresários brasileiros que a companhia utiliza eletricidade como fonte de energia e acompanha de perto as tendências tecnológicas de energias renováveis, especialmente o desenvolvimento de políticas estratégicas da própria China, dos Estados Unidos, da Alemanha, da França, do Reino Unido, do Brasil e do Japão.
De Pequim, onde estabeleceu os primeiros contatos, o grupo que participa da décima missão da FIESC à China se deslocou ao Sul, para participar da Feira de Cantão, o maior evento de negócios do país, realizado em Guangzhou. A feira, que deve ter grande foco em produtos sustentáveis, vai reunir 25 mil expositores e 200 mil pessoas. O Brasil terá um pavilhão de 216 metros quadrados, organizado pela Apex.
Em 2011, quando a China foi o principal destino das exportações brasileiras, a corrente de comércio entre as duas nações somou US$ 77 bilhões. O Brasil ocupa o décimo lugar na lista dos principais parceiros comerciais da China. Dono da maior reserva cambial do mundo, o país é a segunda maior economia do planeta, o maior exportador e o terceiro maior importador mundial.
Fonte:Elmar Meurer/Assess.Imp.do Sistema FIESC
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