segunda-feira, 20 de julho de 2015

Estudo mapeia regiões produtoras de vinhos finos de altitude


Características de clima, solo, relevo, cobertura vegetal, manejo dos parreirais, além de aspectos culturais. Tudo isso influencia na tipicidade dos vinhos provenientes das regiões mais altas de Santa Catarina, os chamados vinhos finos de altitude, produzidos a mais de 900m acima do nível do mar. Levantamento feito pela Epagri constatou que atualmente a região conta com 590 vinhedos, que somam 332,35 hectares.

Fotos: Epagri

O pesquisador da Epagri João Felippeto explica que os vinhos finos de altitude produzidos em Santa Catarina têm diferenciais importantes em termos de graduação alcoólica e de polifenóis. “São muito mais estruturados, mais harmônicos, com mais volume de boca, tendem a ser vinhos que podem ser envelhecidos em carvalho sem prejuízo à estrutura”, esclarece.

Por todas essas peculiaridades, o setor está solicitando, com apoio da Epagri, a Indicação Geográfica (IG) dos vinhos finos de altitude catarinenses. Essa indicação lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria que os distinguem dos demais produtos de igual natureza disponíveis no mercado.

Para gerar as informações necessárias à solicitação da IG, o Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia da Epagri (Ciram) desenvolveu, entre 2008 e 2013, o projeto Caracterização e Análise dos Vinhedos de Altitude de Santa Catarina. O projeto analisou e caracterizou o ambiente onde a vitivinicultura de altitude está inserida, reunindo dados que comprovam a excelência, exclusividade e diversidade de clima, solo e relevo dessas regiões para produção desses vinhos.

Segundo o pesquisador da Epagri/Ciram Luiz Fernando Vianna, os resultados indicaram a possibilidade de uma sub-regionalização das regiões de altitude. “Foi possível identificar diferenças nessa grande região de altitude, que ocupa um terço do território catarinense”, esclarece Vianna. Essas diferenças estão relacionadas, principalmente, à temperatura, volume e distribuição da chuva, total anual de horas de sol e amplitude térmica.


Através do cadastro das coordenadas dos vinhedos com GPS, a Epagri fez um levantamento de dados agronômicos (variedade, porta-enxerto, data de plantio e sistema de plantio), fisiográficos (altitude, declividade do terreno, orientação da encosta), climáticos (temperatura, chuva, horas de sol, amplitude térmica) e pedológicos (física e química de solos). De acordo com o regulamento da Associação Catarinense de Produtores de Vinhos Finos de Altitude (Acavitis), a produtividade máxima nos vinhedos deve ser de 6.000L/ha, o que confere à área levantada em 2013 um potencial produtivo máximo de 1.994.100 litros por safra.

O estudo constatou ainda que os vinhedos estão distribuídos em 13 municípios, com destaque para São Joaquim e Água Doce, que possuem as maiores áreas plantadas. Os mais antigos foram plantados no fim dos anos 90, mas o período de maior expansão foi entre 2002 e 2006. Há 43 variedades de uvas cultivadas, mas as mais comuns são Cabernet Sauvignon e Merlot, entre as tintas, e Chardonnay e Sauvignon Blanc, entre brancas.

Apesar de os vinhedos estarem plantados em ambientes variados, percebeu-se uma preferência por locais com altitude entre 1.100 e 1.300m, com relevo suave ondulado ou ondulado e com encosta orientada para norte, nordeste ou noroeste. Climaticamente, as baixas temperaturas são o principal diferencial nas regiões de altitude em relação às demais regiões do Brasil. Os vinhedos estão plantados em locais com temperatura média anual que varia entre 12 e 18ºC, e tanto a amplitude térmica quanto as horas anuais de sol são consideradas suficientes para completar o ciclo de todas as cultivares.

via:SC/Gov
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