O Brasil é o país que mais reduz o desmatamento e as emissões de
carbono no planeta. Ao destacar a posição de liderança do governo
brasileiro nas metas previstas em acordos internacionais de mudanças do
clima, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que o país
não tem recebido a compensação devida por esses avanços.
“O Brasil está fazendo muito sem ter o retorno que poderia ter. O Fundo
da Amazônia só tem doação, até hoje, da Noruega, da Alemanha e da
Petrobras, uma empresa brasileira que aloca recursos na Amazônia. Cadê
os outros doadores? Nós estamos reduzindo o desmatamento. A contribuição
brasileira continua”, acrescentou a ministra, que participou em Macapá
do 3º Congresso Nacional das Populações Extrativistas.
Pelos números do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o desmatamento
illegal na região caiu de 29 mil quilômetros quadrados (km²) em 2004 –
ano em que foi registrada a maior degradação na região - para 6,4 mil
km² em 2012. Este mês, o MMA deve divulgar mais uma redução da área
degradada.
A expectativa de países em desenvolvimento e nações mais pobres é que o
tema volte a ser debatido durante a 18ª Conferência das Nações Unidas
para o Clima (COP18), quando as nações menos desenvolvidas esperam
avançar na elaboração da segunda etapa do Protocolo de Quioto – que
estabelece as metas de redução de emissões de gás de efeito estufa para
os países desenvolvidos. A COP18 começa no fim deste mês e vai até o
início de dezembro, em Doha, no Catar, com a participação de
representantes de 190 países.
Apesar de endossar a aposta, a ministra não acredita em uma definição
sobre o cálculo das emissões de carbono e as compensações. “O Brasil
trabalha enquanto os ricos países desenvolvidos emitem? Isso vai
aparecer no debate sobre a segunda rodada de compromissos do Protocolo
de Quioto, mas vai ser definido de 2013 a 2015”, disse, referindo-se ao
período que vai anteceder o novo Acordo-Quadro sobre Mudanças do Clima
entre os países signatários da Convenção das Nações Unidas.
As estratégias brasileiras para manter o ritmo de redução de emissões
têm sido estudadas por representantes do Ministério da Fazenda e do MMA.
A definição de políticas de mudanças do clima também está na pauta de
discussões do Congresso Nacional.
Ainda que o Brasil defina compromissos internamente, a questão precisa
ter uma regulamentação internacional, assim como a definição do REDD –
sigla que define a Redução das Emissões Geradas com Desmatamento e
Degradação Florestal nos Países em Desenvolvimento. O mecanismo, que tem
sido o centro das polêmicas nas discussões sobre clima, funcionaria
como uma compensação financeira para os países em desenvolvimento ou
para comunidades desses países, pela preservação de suas florestas.
Segundo Izabella Teixeira, o Fundo da Amazônia é o único mecanismo de
REDD, em prática, que o governo reconhece. O fundo foi criado em 2008
para captar doações para investimentos em prevenção, monitoramento e
combate ao desmatamento e para a conservaçao e o uso sustentável das
florestas amazônicas.
“O que adianta eu implantar mecanismos que, muitas vezes, depois, não
são reconhecidos internacionalmente. Lembro que a conta tem que ser paga
pelos países desenvolvidos que não estão reduzindo suas emissões na
magnitude que deveriam”, disse, destacando poucas ações positivas como
metas definidas por países da União Europeia e de alguns estados
norte-americanos.
A ministra acrescentou que o governo brasileiro retomou a negociação de
um acordo com os Estados Unidos para estabelecer a segunda fase de
cooperação destinada ao monitoramento e combate a incêndios e queimadas,
nos moldes da parceria firmada na década de 1990. “Isso envolve o
desenvolvimento de tecnologias para o monitoramento de queimadas,
treinamento de pessoas no combate a incêndios florestais e a
qualificação dos gestores de áreas protegidas no manejo do fogo no
Brasil”, explicou.
O acordo também está sendo debatido com especialistas da Universidade
de Brasília (UnB) e dos serviços florestais americano e brasileiro.
Fonte: www.ebc.com.br
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